quinta-feira, 1 de outubro de 2009

(CRÔNICA) PEDRA(s)...

(CRÔNICA) PEDRA(s)...
Prof. Joceny Possas Cascaes.

Certa vez, teve uma pedra no caminho do poeta-escritor Drummond. Contudo, a pedra de Drummond o ajudou a impulsioná-lo em seu universo literário. Mas, questionando-se: Existiu um alguém que nunca encontrou uma pedra em seu caminho? Normalmente, durante a trajetória terrena, cada pessoa se depara com incontáveis e diversificadas pedras. E, por incrível que pareça, as pequenas se transformam, de certa forma, nas mais perigosas ou nas mais valiosas. Uma pedra grande no caminho é sempre visível e uma pequena, muitas vezes, torna-se despercebida. Nisso pode residir o perigo ou a vantagem do tropeço... Quem tropeça pode cair, encontrar dificuldades várias, cometer um erro e assim por diante.
E, esses acontecimentos podem, de fato, derrubar ou, numa melhor hipótese, impulsionar... Isso estará sujeito ao desejo de cada pessoa. Portanto, é pessoal! Muitas vezes, não é, totalmente, dependente da pessoa em si, mas de sua trajetória de vida, no que tange ao que vivenciou durante o período entre a gestação e o da sua idade atual. Porém, deixemos a ‘psicologia-social’ à parte... O entendimento dos fenômenos psíquicos e do comportamento humano requer estudos aprofundados. Então, voltemos à pedra. Será que, sem querer, estamos desejando que a nossa pedra se transforme em ouro? Isso era algo pretendido pelos alquimistas e, embora esse assunto tenha ligação com a pedra filosofal, pensamos que não é dessa pedra, propriamente, que estamos falando.
A pedra pode ser algo duro e insensível. Mas, se a pedra for preciosa, ganhará das mãos de um lapidador, que trabalha com esse tipo de material, muita sensibilidade. Pois, a todo artista compete a faculdade de ser especialmente sensível aos elementos que, transmitidos à sua obra e que quando submetido aos olhares de outras pessoas, são capazes de dar origens a emoções. Aproveitamos para fazer alusão à pedra que faz parte de uma peça de um jogo qualquer. Nesse caso, ela é sempre manipulada pelo jogador (que poderá ser um ou mais de um) e também estará susceptível à capacidade de receber impressões de agentes exteriores detectados pelos órgãos dos sentidos daquele(s) que joga(m). É que a pedra é múltipla! Complexa e variada...
E se ela se forma nos rins ou na vesícula de uma pessoa, dependendo do caso, mais cedo ou mais tarde poderá incomodar. É que essa pedra é sempre formada por calcário e com o tempo pode acumular mais cal e, com isso, se tornar maior. Assim, pode haver um agravamento da condição corpórea da pessoa acometida por esse mal. Porém, a pedra pode ser dependente da condição atmosférica. Então, responda-nos o que é uma pedra que depende da condição atmosférica? Nesse caso, estamos falando da pedra de gelo, que deixa de ser fabricada por algum congelador e/ou freezer. A pedra da qual falamos é formada pela ação da natureza em alguns locais e em dias que, necessariamente, não precisam ser frios. Quando as gotas d’águas atravessam uma camada de ar frio acabam caindo em forma de pedras de gelo. Um fenômeno conhecido como granizo.
Mas, apenas para ‘re-memorar’, talvez, seja importante salientar que o termo pedreiro é derivado de pedra. A princípio o pedreiro era aquele profissional que trabalhava em obras com pedras. Porém, esse termo, no avançar do tempo, tornou-se bem mais amplo. Contudo, a pedra pode estar em muitos lugares: no fragmento de rocha; no quadro-negro; na mesa de sinuca; num pedaço de qualquer substância considerada dura; na formação rochosa; na brita... A pedra pode ser sepulcral!!! Como assim? Ela poderá estar na lápide do sepulcro. Mas, a pedra pode servir também para o registro de algo que – podendo ser bom – ao ser encravado permanece eterno. Analisemos bem: a pedra não é do mal. Sobre ela podemos edificar a nossa morada, pois seu fundamento, em geral, é rijo e natural.
Eis as pedras: que fundamentam; que edificam; que protegem; que ao serem arremessadas (naturalidades) quebram algumas vidraças; que viram poesias; que são porosas; que são ásperas, lisas, pontiagudas, retas, tortas... De muitos tipos e inúmeros tamanhos. Mas, existem ainda a pedra-pomes, de natureza vulcânica e a pedra-sabão, que, necessariamente, deixa de ser o ‘sabão-em-pedra’. Pois, a pedra-sabão, por ser de natureza mole, é freqüentemente usada para se fazer esculturas. No caminho do grande escultor Aleijadinho também existiram muitas pedras. Pedras-sabão! Portanto, o cotidiano das pessoas está rodeado de pedras. As pedras são partes intrínsecas dos começos e importantes nos ‘re-começos’. Porquanto, em todos os caminhos sempre existirão variadas, enigmáticas e significativas pedras...

(CRÔNICA) O NOEL...

(CRÔNICA) O NOEL...
Prof. Joceny Possas Cascaes

Uma das versões da história conta que São Nicolau nasceu pelos idos do século IV, na cidade de Myra, onde fica atualmente a Turquia, na Ásia Menor. Dizem que esse Santo fez vários milagres, mas foi sua bondade junto com a prática de distribuir presentes às crianças que o tornou conhecido. Esta atitude de devoção espalhou-se por toda a Europa e surgiu daí a figura representativa do Papai Noel. Pausa... Necessita-se saber por que o chamam de bom velhinho. Hum! Quando o Papai Noel surgiu – seduzindo a imaginação dos adultos e das crianças – já possuía uma idade avançada.
Será que é por causa disso que ele é chamado de velhinho bom? (...) Se o Papai Noel daquele tempo já tinha uma certa idade, logicamente, hoje já teria que ser, no mínimo, um ‘Tatatatataravô’ Noel. Porém, continua Papai. Que bom!!! Mas, é época em que o Noel – que mora na Noruega (lugar de frio extremo) - começar a se preparar para o Natal. Suas oito renas são sempre cuidadas de maneira especial. Precisam estar bem alimentadas para puxarem os trenós, cheios de inúmeros presentes, por extensivos quilômetros. Percurso que – mesmo realizado com amor - se torna extenuante para o Noel e seus estimados bichos.
A preparação para a viagem, ao redor do Planeta, acontece com uma semana de antecedência. Todos os pedidos, que já foram analisados e revisados, feitos através de cartas, são arrumados pela equipe do bom velhinho, por ordem de entrega. Enquanto isto, a fábrica de brinquedos do Noel continua a funcionar a todo vapor. Há presentes para todos os gostos e brinquedos para todas as crianças. Opa! Preciso de um momento para “re-pensar” sobre isto. Quando, naquele tempo, São Nicolau distribuía presentes em sua cidade era bem mais fácil fazê-los chegar às mãos de todas as criancinhas.
Esta prática tornou-se um hábito nos países cristãos, então pelo aumento do número da população mundial – atualmente, estima-se que um terço da população mundial, dois bilhões de pessoas sejam cristãs – ficou mais difícil entregar os presentes. Será que é por causa disso que nem todas as crianças cristãs do mundo recebem presentes? Há dúvidas... Nesse caso, por que disseram que o Papai Noel entregará brinquedos para todas as crianças? Quem sabe, os brinquedos sejam entregues somente às crianças que escreveram ao Noel ou para aquelas que se comportaram durante o ano!!!
Mas, chegou o momento esperado em que o bom velhinho começa a se vestir. O traje vermelho, o cajado, o saco... Os últimos presentes são colocados no trenó; as renas ajeitadas. Oh! Oh! Oh! Acenos vários. Aconteceu o instante da partida. Destino: entregar presentes às criancinhas – nos vários lugares do Mundo. Lá vai o velhinho entrando nas casas pela chaminés da lareira. Ih!!! Agora clarificou. O Noel só entra em casas que têm lareiras. Mas, será que é isso mesmo? Se isto for verdade, no meu lar ele nunca entrará. Desta forma, ele deixará também de entrar na casa de milhares de crianças. Por quê?
Lareiras só existem em regiões frias e desenvolvidas – em locais gélidos e pobres inexistem ou são escassas e, nesses lugares, são vistas, como símbolos de riqueza. Em qualquer lugar que faça muito frio há necessidade de se contar com algum paliativo para se aquecer. E, como são entregues os presentes em regiões quentes, onde o uso de lareiras é dispensado? Por isso, peço piedade aos seguintes “Noéis”: Santa Claus (EUA e Canadá), Kriss Kringle (Alemanha), Papa Noel (Países de língua espanhola), Pare Noel (França)... Também, ao Noel Papai brasileiro. Tenham, por favor, compaixão das criancinhas. As crianças não precisam, apenas, de um Pai Noel entregador de brinquedos bufão.
Elas – as crianças – desejam rir, sim. Porém, precisam de alguém que as ensine a sorrir. Que lhes mostre o riso da esperança, da pura alegria (por estarem vivendo dignamente), que alimentem o regozijo da espera de um bom futuro pessoal, profissional e planetário. Porque o Noel – de qualquer lugar – antes de distribuir presentes deveria ensinar as pessoas a pensar no nascimento de Cristo, para proporcionar oportunidades de reflexão da vida. Portanto, que o dia 25 de dezembro sirva para que todas as pessoas (mamães, papais...) pensem em fazer com que cada dia seja repleto de motivos para se comemorar os novos nascimentos. Que “re-surja” um sensato Noel, que entre pela porta – indistintamente – das casas ensinando as pessoas a viverem diariamente o amor, enfim, incondicional...

(CRÔNICA) O PONTO

(CRÔNICA) O PONTO.
Prof. Joceny Possas Cascaes.

Até certo ponto o ponto se torna interessante. É empregado no final de frases declarativas, expositivas. Mas, há outros pontos gramaticais: o ponto-e-vírgula, o ponto de exclamação, o ponto de interrogação, os dois-pontos... Ih! Esqueci de falar dos três pontinhos seguidos. Três pontos que se seguem!? Fala-se das reticências. Dúvidas... Possuem, também, a finalidade de indicar sugestão. Sugerir é... dar a entender, a insinuar. Porém, a simpatia do ponto está além-explicação.
Senão, veja-se. Certo alguém estava no ponto. Que ponto? No ponto de ônibus. Aguardava o coletivo. Estava num bairro e desejava dirigir-se a outro. De repente, apareceu uma outra pessoa que tinha, no pescoço, uma mancha arredondada, pequena que, de certa forma, indicava um ponto. Esta, havia saído do trabalho (final de expediente) e trazia à mão um cartão. Cartão à mostra. Instante em que, através de um diálogo, as duas pessoas passam a apresentar seus pontos de vista. Chamá-las-emos de primeira e segunda a chegar no ponto.
A primeira – O que é isso que trazes à vista?
A segunda – Um cartão-ponto.
A primeira – Você me fez lembrar de uma peça de teatro.
A segunda – Por quê?
A primeira – Lembrei-me do ponto. Da pessoa que numa peça teatral sopra o texto aos atores.
A segunda – O quê?
Neste ínterim, o ônibus encosta no ponto. Os dois sobem e tomam assento. Sentam-se lado a lado. A prosa continua. Mas, o fio da meada, o ponto em que estava o assunto anterior exauriu-se. Esquecimento duplo. (...). O ponto da unidade semântica tomou outro rumo. O norte (por que não o sul?) da conversa deixou de ser o mesmo. Então...
A primeira – Tenho saudades dos doces da minha avó.
A segunda – Tens saudades da tua avó ou dos doces que ela fazia?
A primeira – Das duas coisas. Mas, o ponto que ela alcançava em seus doces levava-nos...
A segunda – A que lugar?
A primeira – Ao ponto pacífico.
A segunda – O que o pacífico tem a ver com isso?
A primeira – Nada de oceano. Estou falando de tranqüilidade, de algo inconteste. Ninguém, jamais, se atreveu a contestar as coisas boas que a minha avó fazia.
A segunda – Vou entregar os pontos. Mas, estou convicto de que não perdi. Ganhei!!! Aprendi, e muito. No próximo ponto de parada do ônibus eu desço.
A primeira – Antes, desejo colocar os pontos nos is. Estou a ponto de... explodir de alegria. Por isso, foi bom ter passado estes momentos com você.
A segunda – O que aconteceu?
A primeira – Sou candidato ao primeiro emprego. Fiz uma prova. Alcancei os pontos.
A segunda – Que pontos?
A primeira – Um ponto era decisivo: o mínimo era sete. Tirei nove. O emprego é meu. Começo amanhã.
Momento em que o ônibus parou.
A segunda - Levantou-se para descer e sorrateira, diz: alcançaste o ponto alto de um dia. O clímax! A dignidade de alguém pode depender de seu emprego.
A primeira – Todo ponto pode transformar-se num ponto de vista e a vista de um ponto é múltipla, complexa. Que esta nossa primeira conversa faça parte de um ponto final. Pronta para dar espaço para que outros pontos possam fazer parte de repentinos encontros. Até mais...
A segunda – Saltando do ônibus, grita: o teu ponto não era antes do meu?