quinta-feira, 1 de outubro de 2009

(CRÔNICA) PEDRA(s)...

(CRÔNICA) PEDRA(s)...
Prof. Joceny Possas Cascaes.

Certa vez, teve uma pedra no caminho do poeta-escritor Drummond. Contudo, a pedra de Drummond o ajudou a impulsioná-lo em seu universo literário. Mas, questionando-se: Existiu um alguém que nunca encontrou uma pedra em seu caminho? Normalmente, durante a trajetória terrena, cada pessoa se depara com incontáveis e diversificadas pedras. E, por incrível que pareça, as pequenas se transformam, de certa forma, nas mais perigosas ou nas mais valiosas. Uma pedra grande no caminho é sempre visível e uma pequena, muitas vezes, torna-se despercebida. Nisso pode residir o perigo ou a vantagem do tropeço... Quem tropeça pode cair, encontrar dificuldades várias, cometer um erro e assim por diante.
E, esses acontecimentos podem, de fato, derrubar ou, numa melhor hipótese, impulsionar... Isso estará sujeito ao desejo de cada pessoa. Portanto, é pessoal! Muitas vezes, não é, totalmente, dependente da pessoa em si, mas de sua trajetória de vida, no que tange ao que vivenciou durante o período entre a gestação e o da sua idade atual. Porém, deixemos a ‘psicologia-social’ à parte... O entendimento dos fenômenos psíquicos e do comportamento humano requer estudos aprofundados. Então, voltemos à pedra. Será que, sem querer, estamos desejando que a nossa pedra se transforme em ouro? Isso era algo pretendido pelos alquimistas e, embora esse assunto tenha ligação com a pedra filosofal, pensamos que não é dessa pedra, propriamente, que estamos falando.
A pedra pode ser algo duro e insensível. Mas, se a pedra for preciosa, ganhará das mãos de um lapidador, que trabalha com esse tipo de material, muita sensibilidade. Pois, a todo artista compete a faculdade de ser especialmente sensível aos elementos que, transmitidos à sua obra e que quando submetido aos olhares de outras pessoas, são capazes de dar origens a emoções. Aproveitamos para fazer alusão à pedra que faz parte de uma peça de um jogo qualquer. Nesse caso, ela é sempre manipulada pelo jogador (que poderá ser um ou mais de um) e também estará susceptível à capacidade de receber impressões de agentes exteriores detectados pelos órgãos dos sentidos daquele(s) que joga(m). É que a pedra é múltipla! Complexa e variada...
E se ela se forma nos rins ou na vesícula de uma pessoa, dependendo do caso, mais cedo ou mais tarde poderá incomodar. É que essa pedra é sempre formada por calcário e com o tempo pode acumular mais cal e, com isso, se tornar maior. Assim, pode haver um agravamento da condição corpórea da pessoa acometida por esse mal. Porém, a pedra pode ser dependente da condição atmosférica. Então, responda-nos o que é uma pedra que depende da condição atmosférica? Nesse caso, estamos falando da pedra de gelo, que deixa de ser fabricada por algum congelador e/ou freezer. A pedra da qual falamos é formada pela ação da natureza em alguns locais e em dias que, necessariamente, não precisam ser frios. Quando as gotas d’águas atravessam uma camada de ar frio acabam caindo em forma de pedras de gelo. Um fenômeno conhecido como granizo.
Mas, apenas para ‘re-memorar’, talvez, seja importante salientar que o termo pedreiro é derivado de pedra. A princípio o pedreiro era aquele profissional que trabalhava em obras com pedras. Porém, esse termo, no avançar do tempo, tornou-se bem mais amplo. Contudo, a pedra pode estar em muitos lugares: no fragmento de rocha; no quadro-negro; na mesa de sinuca; num pedaço de qualquer substância considerada dura; na formação rochosa; na brita... A pedra pode ser sepulcral!!! Como assim? Ela poderá estar na lápide do sepulcro. Mas, a pedra pode servir também para o registro de algo que – podendo ser bom – ao ser encravado permanece eterno. Analisemos bem: a pedra não é do mal. Sobre ela podemos edificar a nossa morada, pois seu fundamento, em geral, é rijo e natural.
Eis as pedras: que fundamentam; que edificam; que protegem; que ao serem arremessadas (naturalidades) quebram algumas vidraças; que viram poesias; que são porosas; que são ásperas, lisas, pontiagudas, retas, tortas... De muitos tipos e inúmeros tamanhos. Mas, existem ainda a pedra-pomes, de natureza vulcânica e a pedra-sabão, que, necessariamente, deixa de ser o ‘sabão-em-pedra’. Pois, a pedra-sabão, por ser de natureza mole, é freqüentemente usada para se fazer esculturas. No caminho do grande escultor Aleijadinho também existiram muitas pedras. Pedras-sabão! Portanto, o cotidiano das pessoas está rodeado de pedras. As pedras são partes intrínsecas dos começos e importantes nos ‘re-começos’. Porquanto, em todos os caminhos sempre existirão variadas, enigmáticas e significativas pedras...

(CRÔNICA) O NOEL...

(CRÔNICA) O NOEL...
Prof. Joceny Possas Cascaes

Uma das versões da história conta que São Nicolau nasceu pelos idos do século IV, na cidade de Myra, onde fica atualmente a Turquia, na Ásia Menor. Dizem que esse Santo fez vários milagres, mas foi sua bondade junto com a prática de distribuir presentes às crianças que o tornou conhecido. Esta atitude de devoção espalhou-se por toda a Europa e surgiu daí a figura representativa do Papai Noel. Pausa... Necessita-se saber por que o chamam de bom velhinho. Hum! Quando o Papai Noel surgiu – seduzindo a imaginação dos adultos e das crianças – já possuía uma idade avançada.
Será que é por causa disso que ele é chamado de velhinho bom? (...) Se o Papai Noel daquele tempo já tinha uma certa idade, logicamente, hoje já teria que ser, no mínimo, um ‘Tatatatataravô’ Noel. Porém, continua Papai. Que bom!!! Mas, é época em que o Noel – que mora na Noruega (lugar de frio extremo) - começar a se preparar para o Natal. Suas oito renas são sempre cuidadas de maneira especial. Precisam estar bem alimentadas para puxarem os trenós, cheios de inúmeros presentes, por extensivos quilômetros. Percurso que – mesmo realizado com amor - se torna extenuante para o Noel e seus estimados bichos.
A preparação para a viagem, ao redor do Planeta, acontece com uma semana de antecedência. Todos os pedidos, que já foram analisados e revisados, feitos através de cartas, são arrumados pela equipe do bom velhinho, por ordem de entrega. Enquanto isto, a fábrica de brinquedos do Noel continua a funcionar a todo vapor. Há presentes para todos os gostos e brinquedos para todas as crianças. Opa! Preciso de um momento para “re-pensar” sobre isto. Quando, naquele tempo, São Nicolau distribuía presentes em sua cidade era bem mais fácil fazê-los chegar às mãos de todas as criancinhas.
Esta prática tornou-se um hábito nos países cristãos, então pelo aumento do número da população mundial – atualmente, estima-se que um terço da população mundial, dois bilhões de pessoas sejam cristãs – ficou mais difícil entregar os presentes. Será que é por causa disso que nem todas as crianças cristãs do mundo recebem presentes? Há dúvidas... Nesse caso, por que disseram que o Papai Noel entregará brinquedos para todas as crianças? Quem sabe, os brinquedos sejam entregues somente às crianças que escreveram ao Noel ou para aquelas que se comportaram durante o ano!!!
Mas, chegou o momento esperado em que o bom velhinho começa a se vestir. O traje vermelho, o cajado, o saco... Os últimos presentes são colocados no trenó; as renas ajeitadas. Oh! Oh! Oh! Acenos vários. Aconteceu o instante da partida. Destino: entregar presentes às criancinhas – nos vários lugares do Mundo. Lá vai o velhinho entrando nas casas pela chaminés da lareira. Ih!!! Agora clarificou. O Noel só entra em casas que têm lareiras. Mas, será que é isso mesmo? Se isto for verdade, no meu lar ele nunca entrará. Desta forma, ele deixará também de entrar na casa de milhares de crianças. Por quê?
Lareiras só existem em regiões frias e desenvolvidas – em locais gélidos e pobres inexistem ou são escassas e, nesses lugares, são vistas, como símbolos de riqueza. Em qualquer lugar que faça muito frio há necessidade de se contar com algum paliativo para se aquecer. E, como são entregues os presentes em regiões quentes, onde o uso de lareiras é dispensado? Por isso, peço piedade aos seguintes “Noéis”: Santa Claus (EUA e Canadá), Kriss Kringle (Alemanha), Papa Noel (Países de língua espanhola), Pare Noel (França)... Também, ao Noel Papai brasileiro. Tenham, por favor, compaixão das criancinhas. As crianças não precisam, apenas, de um Pai Noel entregador de brinquedos bufão.
Elas – as crianças – desejam rir, sim. Porém, precisam de alguém que as ensine a sorrir. Que lhes mostre o riso da esperança, da pura alegria (por estarem vivendo dignamente), que alimentem o regozijo da espera de um bom futuro pessoal, profissional e planetário. Porque o Noel – de qualquer lugar – antes de distribuir presentes deveria ensinar as pessoas a pensar no nascimento de Cristo, para proporcionar oportunidades de reflexão da vida. Portanto, que o dia 25 de dezembro sirva para que todas as pessoas (mamães, papais...) pensem em fazer com que cada dia seja repleto de motivos para se comemorar os novos nascimentos. Que “re-surja” um sensato Noel, que entre pela porta – indistintamente – das casas ensinando as pessoas a viverem diariamente o amor, enfim, incondicional...

(CRÔNICA) O PONTO

(CRÔNICA) O PONTO.
Prof. Joceny Possas Cascaes.

Até certo ponto o ponto se torna interessante. É empregado no final de frases declarativas, expositivas. Mas, há outros pontos gramaticais: o ponto-e-vírgula, o ponto de exclamação, o ponto de interrogação, os dois-pontos... Ih! Esqueci de falar dos três pontinhos seguidos. Três pontos que se seguem!? Fala-se das reticências. Dúvidas... Possuem, também, a finalidade de indicar sugestão. Sugerir é... dar a entender, a insinuar. Porém, a simpatia do ponto está além-explicação.
Senão, veja-se. Certo alguém estava no ponto. Que ponto? No ponto de ônibus. Aguardava o coletivo. Estava num bairro e desejava dirigir-se a outro. De repente, apareceu uma outra pessoa que tinha, no pescoço, uma mancha arredondada, pequena que, de certa forma, indicava um ponto. Esta, havia saído do trabalho (final de expediente) e trazia à mão um cartão. Cartão à mostra. Instante em que, através de um diálogo, as duas pessoas passam a apresentar seus pontos de vista. Chamá-las-emos de primeira e segunda a chegar no ponto.
A primeira – O que é isso que trazes à vista?
A segunda – Um cartão-ponto.
A primeira – Você me fez lembrar de uma peça de teatro.
A segunda – Por quê?
A primeira – Lembrei-me do ponto. Da pessoa que numa peça teatral sopra o texto aos atores.
A segunda – O quê?
Neste ínterim, o ônibus encosta no ponto. Os dois sobem e tomam assento. Sentam-se lado a lado. A prosa continua. Mas, o fio da meada, o ponto em que estava o assunto anterior exauriu-se. Esquecimento duplo. (...). O ponto da unidade semântica tomou outro rumo. O norte (por que não o sul?) da conversa deixou de ser o mesmo. Então...
A primeira – Tenho saudades dos doces da minha avó.
A segunda – Tens saudades da tua avó ou dos doces que ela fazia?
A primeira – Das duas coisas. Mas, o ponto que ela alcançava em seus doces levava-nos...
A segunda – A que lugar?
A primeira – Ao ponto pacífico.
A segunda – O que o pacífico tem a ver com isso?
A primeira – Nada de oceano. Estou falando de tranqüilidade, de algo inconteste. Ninguém, jamais, se atreveu a contestar as coisas boas que a minha avó fazia.
A segunda – Vou entregar os pontos. Mas, estou convicto de que não perdi. Ganhei!!! Aprendi, e muito. No próximo ponto de parada do ônibus eu desço.
A primeira – Antes, desejo colocar os pontos nos is. Estou a ponto de... explodir de alegria. Por isso, foi bom ter passado estes momentos com você.
A segunda – O que aconteceu?
A primeira – Sou candidato ao primeiro emprego. Fiz uma prova. Alcancei os pontos.
A segunda – Que pontos?
A primeira – Um ponto era decisivo: o mínimo era sete. Tirei nove. O emprego é meu. Começo amanhã.
Momento em que o ônibus parou.
A segunda - Levantou-se para descer e sorrateira, diz: alcançaste o ponto alto de um dia. O clímax! A dignidade de alguém pode depender de seu emprego.
A primeira – Todo ponto pode transformar-se num ponto de vista e a vista de um ponto é múltipla, complexa. Que esta nossa primeira conversa faça parte de um ponto final. Pronta para dar espaço para que outros pontos possam fazer parte de repentinos encontros. Até mais...
A segunda – Saltando do ônibus, grita: o teu ponto não era antes do meu?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O BELO E O CORPO: descortinando um pensar...

O BELO E O CORPO: descortinando um pensar...
Prof. Joceny Possas Cascaes.

De acordo com o educador e filósofo Janes Tomelin, (2002, p. 98), “O dilema da estética consiste no seguinte paradoxo: se o belo está naquilo que é percebido ou na forma como é percebido. O debate está em decidir se o belo é apenas um conceito ou um denominador comum das coisas belas; se é um juízo de valor ou um juízo de fato”. O autor questiona - racionalmente – o paradigma de beleza na arte, no olhar dirigido aos objetos e seres em geral. Deixa transparecer que a fealdade, qualidade do que é feio, está – também – de forma significativa embutida no olhar.
Mas, referindo-se ao corpo, a visão atual de corpo belo e saudável nos remete a lucro e a uma certa alienação. Uma empresa que usa os meios de comunicação de massa para vender um produto de beleza, um bronzeador, por exemplo, mostra a imagem de corpos considerados ‘perfeitos’ usando o produto ou mostrando o efeito – belo - que ele deixou após o seu uso. Quer vender a idéia de que seu cosmético, além de ser bom, tem ação rápida, mágica, verdadeira... Nesse caso, apresenta o corpo – unicamente – como um objeto de uso, como satisfação mercadológica e em benefício de grupos ideológicos e ou políticos que estão à frente do poder.
Sendo o corpo humano uma estrutura física inserida no dia-a-dia, portanto, sujeita aos ‘desgastes’ ocasionados por essa vivência: estresse, má alimentação, o passar da idade, o corre-corre hodierno, o dormir mal etc., é necessário prestar atenção nesse tipo de veiculação propagandista. Para quem já tem um corpo bonito, continuará – por algum tempo – com esse mesmo corpo. Outros poderão se beneficiar momentaneamente, mas precisam se conscientizar de que - na maioria dos casos - essas receitas são ineficazes.
O corpo é a presença real de relacionamento com o mundo, porque nos faz sentir e falar. Mostra – de certa forma – quem somos e como vivemos, no mesmo tempo que, clama, se expressa e demonstra comportamentos advindos de relacionamentos sociais que se tornam verdadeiros reveladores culturais. Porém, continuamos inseridos num contexto social que faz do corpo uma ferramenta de competição atada ao lucro de uma sociedade pragmática, que visa – exclusivamente – interesses pessoais e/ou empresariais.
O impacto causador do “benefício-lucro” instituído pela ‘macro-visão’ de belo corpo – imposição crescente, de certa forma, do neoliberalismo – torna-se um atenuante, em vários casos, do crescimento pessoal e profissional do ser. Os gordos, os feios, os magros demais, os altos, os baixos, os deficientes (em suas várias manifestações), o gênero, além de outros elementos se tornam fatores de exclusões presentes nos relacionamentos tidos como “humanos”, nas atividades diárias e nas contratações realizadas por muitas empresas.
Quebrar tabus e mudar hábitos culturais exigem uma ‘aprendência’ contextualizada na história de vida pessoal e científica. Toda leitura de mundo precisa estar embasada em fatos e acontecimentos “histórico-sociais”. O que cada um sabe – o que foi aprendido socialmente - não é suficiente para que a mudança aconteça. No caso do ‘corpo-belo’, há necessidade de se pensar o corpo como um elemento de resistência e de libertação. Dependendo do ângulo que se vê, todo corpo é belo. Por isso, enfrentar a realidade e se sentir bem com o corpo que se tem é fator decisivo de qualidade de vida.
Ter saúde não significa a apresentação de um belo corpo ou de um corpo feio. Porém, cuidar da estética e da saúde é fator preponderante de vida para os que se sentem e que são vistos como belos e feios. Mas, voltando a Tomelin, precisamos decidir se o belo está naquilo que é percebido ou na forma como é percebido. Pode estar também na visão de ambas as partes. O importante é que quem vê o outro se sinta ou se perceba naquilo que está vendo, pois quem aprende a se gostar tem maiores probabilidades de ver as pessoas como uma extensão de si mesmo e – conseqüentemente – belas.

BRASIL: em desenvolvimento?

BRASIL: em desenvolvimento?
Professor: Joceny Possas Cascaes.

Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNDU - 1999) em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil ocupa a décima quarta posição do Continente Americano. Estamos atrás do Chile, Uruguai, Costa Rica, Venezuela, Cuba entre outros. Esses dados indicam também que somos donos da quinta maior Renda per capita do nosso continente, estimada em 5.029 dólares. Mesmo assim, continuamos subdesenvolvidos...
O Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil vem melhorando a cada ano, e nos faz manter a ilusão de que estamos rumando em direção ao desenvolvimento. O avanço da medicina, a divulgação das práticas de higiene social e as campanhas de saúde pública contribuíram para a redução das taxas de mortalidade. Outrossim, através de campanhas de planejamento familiar e a participação da mulher no mercado de trabalho contribuíram para que nos últimos anos houvesse um declínio do número de nascimento de filhos por família.
Sabemos que diminuiu o número de analfabetos e que a expectativa de vida do brasileiro aumentou. O Brasil rural tradicional não é mais o mesmo, o avanço tecnológico, os meios de comunicação, etc., estão contribuindo para a transformação desse cenário rural. Porém, há indícios de que continuaremos, por muitos anos, subdesenvolvidos. Somos detentores de uma razoável renda per capita, que é impedida de ser distribuída eqüitativamente porque é sugada pela dívida externa.
Cada brasileiro que nasce, nasce com uma dívida impagável. Setenta e dois porcento de nossa dívida externa são decorrentes do aumento dos juros cobrados pelo FMI. Se não houver um rompimento dos países subdesenvolvidos com esse sistema econômico suplantado pelos países ricos e enquanto continuarmos a receber migalhas e formos impedidos de sentar – igualitariamente - à mesma mesa, continuaremos sendo vítimas da exploração. Há uma tendência que nos faz pensar que estamos vivendo num país em desenvolvimento e isso é um embuste, é uma farsa. Ou um país é desenvolvido ou ele é subdesenvolvido.
Uma Empresa Multinacional que se instala no Brasil, ou em qualquer país subdesenvolvido, não faz isso por acaso. Ela pensa em lucro e busca mão-de-obra barata. Mesmo contribuindo para que o trabalhador coloque comida em sua mesa, isto acaba fazendo parte de uma forma de exploração social. Ao mesmo tempo, pouco colabora para que tal país se torne desenvolvido.
É possível – então - mudar as relações econômicas entre os povos? Eis uma pergunta difícil de ser respondida. Precisamos que as nossas crianças, jovens e adultos se tornem sujeitos independentes, “re-plenos” de deveres, mas cativos de direitos. Um regime de exploração só pode ser rompido quando se tem consciência dessa exploração e quando se perde o medo de retaliações. Se o Brasil romper com esse regime, só ganhará, pois deixar de pagar a dívida externa colocaria o país numa situação privilegiada. Não é por acaso, que os países ricos e em especial os EUA, vêm mantendo uma “boa” relação (principalmente econômica) com o Brasil.
Uma das maneiras de romper com essa situação de miserabilidade, de servidão é o investimento em educação. Não falamos daqueles que adquirem conhecimentos para – também – fazerem parte desse sistema que já está instalado e que há anos não oferece oportunidade aos mais pobres. Há necessidade de “cabeças” que pensem diferente, que ousem para criarem condições de mudanças das regras econômicas entre os povos.
Somos cidadãos responsáveis pela “re-construção” desse novo mundo. Mesmo que o IDH do Brasil continue melhorando só poderemos nos tornar – verdadeiramente – desenvolvidos a partir do momento em que a educação escolar, familiar e social contribuir com essas mudanças. Um povo integralmente desenvolvido deixará de aceitar migalhas e jamais receberá dinheiro para permitir que a opressão prossiga e seu país continue no rol dos subdesenvolvidos. Um povo culturalmente desenvolvido saberá romper com essa atual e caótica relação econômica em que vivem os países subdesenvolvidos. Desta maneira, os brasileiros terão domínio – de fato - de suas atitudes e se tornarão donos – enfim - de suas próprias terras.

A ESCOLA DOS SONHOS... e a possível.

A ESCOLA DOS SONHOS... e a possível.
Prof. Joceny Possas Cascaes.

Há pessoas, dentre elas alguns educadores, que sonham com uma Escola de Ensino Fundamental e Médio em que há um bom repasse de conhecimento, boas relações e nenhum (ou quase nenhum) conflito em seu meio. Nesse espaço, que se supunha de relações felizes, todos falam a mesma língua e, por conseguinte, se entendem. O professor repassa ou troca o conhecimento e todos aprendem. Posturas são entendidas e adotadas em conjunto de maneira que – imediatamente – os alunos, os professores, os funcionários e a direção se sentem envolvidos e contagiados por elas. As ações, nesse educandário, passam a ter um único foco e, com isso, uma unânime direção é seguida. Magicamente, os objetivos gerais da Escola passam a ser praticados com êxito.
É tão grande o entrosamento que as carteiras deixam de ser riscadas, os banheiros permanecem – sempre – cheirosos e as salas, as dependências e o pátio da ‘Escola Sonhada’ nunca sujam, pois todos que a freqüentam são, extremamente, educados. No final de cada ano, cada aluno que se forma (entenda: que sai da fôrma) aprende a preservar o Patrimônio Escolar. Com isso, os filhos - dos alunos - os netos, os parentes e os amigos, que passam a estudar nessa escola, encontram-na sempre em bom estado de conservação. Aparentemente, já não se justifica mais a contratação de pessoas para realizarem os Serviços Gerais da Escola como, limpezas e manutenções.
Nesse lugar, as cores, finalmente, são entendidas e respeitadas. Os direitos são iguais a todos. As trocas de idéias sobre religiões são discutidas e ninguém diz mais que a sua crença é que é a certa, pois o objetivo é entender o pensamento diferente. Os pobres e os ricos são tratados da mesma maneira e aprendem. As disciplinas são ministradas dentro de um contexto – meramente -“interdisciplinar” e ajudam o aluno a pensar a história, em suas várias formas, diferente. A Escola Sonhada consegue fazer com que todos tirem boas notas, embora se tornem robôs-humanos.
Há uma impressão de que “Pinóquio o boneco de madeira” freqüenta cada carteira desse Estabelecimento de Ensino, como se tivesse se ‘reencarnado’ nos alunos. Como na fábula reconstruída por Rubem Alves: era desejo do ‘Vô Gepêto’ criador desse boneco, que Pinóquio recebesse Educação e com isso se transformasse em gente. Porém, segundo Alves, quantos alunos se formam (... a fôrma novamente) e saem da escola como se fossem bonecos de pau.
Embora sendo apenas imaginação, o que foi contado acima, existem algumas pessoas (que de maneira alguma devem ser consideradas culpadas) que sonham com o dia em que essa Escola se transforme em realidade; com o dia em que os alunos chegarão na Escola, completamente, educados. Sabe-se que a sociedade e a família ajudam a preparar ‘gente’ para a vida, mas...
Questões econômicas, o analfabetismo (em suas várias manifestações) de muitos pais, a falta de oportunidade justa para todos, as crenças, as raças, os “pré-conceitos”, as doenças sociais, a própria personalidade, o meio onde se vive, a inobservância das leis... são alguns fatores que emperram o avançar de muitas crianças, jovens e adultos. Nesse sentido, lidar com estruturas corporais pensantes (os alunos), que estão em constante crescimento e transformação, nunca foi fácil e por um bom tempo continuará sendo difícil.
Num país (embora não dependa só desses fatores) em que há empregos, preocupação com a saúde, com a educação, com a alimentação, com a moradia e com os salários mais justos é mais fácil se conseguir bons resultados educacionais. Porém, além de penoso seria uma catástrofe que uma estrutura escolar fosse da forma em que foi imaginada. Mas, é possível, e isso deixa de ser um sonho, que ela seja contemplada, quando as condições permitem, com uma boa qualidade educacional.
E - com boa qualidade educacional - o ‘Educador’, consciente de seus atos – passa a falar a língua de seus pupilos e reconhecer as nuanças, as diversidades de expressões e entendimentos; algo, que de maneira tênue, já está acontecendo... Aprende, também, que a Escola feliz jamais seria a explicitada (a sonhada), porque sendo robôs os alunos repetiriam ações insensíveis.
Por isso, a Escola, incluindo todos os aparatos desse meio, tem a função de educar e colaborar para que as pessoas que a freqüentam entendam que ‘gente’, que ‘ser-humano’ - na verdadeira concepção dessas palavras – nunca nascerá pronto. Nesse sentido, como uma maneira de impulsionar ainda mais a Educação devem questionar – cotidianamente - para que serve a pessoa do “Professor-mediador”!?

A ARTE DA CONVERSAÇÃO.

A ARTE DA CONVERSAÇÃO.
Professor Joceny Possas Cascaes. Ibirama – SC

Acreditamos que uma opinião seja uma suposição própria. Seu uso está ligado ao repasse de uma ou mais idéia com o objetivo de torná-la pública, propiciando a quem a recebe a aquisição de novos conhecimentos ou a ampliação dos que já possuem, mesmo quando, por vários motivos, a mesma seja aceita ou rejeitada. Porém, só podemos discordar de uma idéia quando o nosso conhecimento nos permite apresentar uma outra que, necessariamente, não precisa ser melhor, mas seja, pelo menos, compatível com a apresentada.
Oposição de idéias é necessário para o desenvolvimento do conhecimento pessoal que conseqüentemente poderá propiciar a “re-construção” de um saber social. Sob a luz da dialética, isto é, através de conversas que respeitam pontos de vista diferentes, Sócrates se tornou admirado por um grande número de pessoas. Isso ocorreu durante o famoso “século de Péricles”, idade de ouro da civilização ateniense. Esse grande filósofo, utilizando-se da arte da conversação, foi influenciado e ao mesmo tempo influenciou o desenvolvimento da cultura grega.
E é sob a ótica da concordância e/ou oposição que expressamos nossas idéias. Somos contrários a certezas absolutas. Elas nos conduzem ao final de uma conversa, isto é, levam-nos a pensar que apenas uma pessoa é detentora da razão, deixando, muitas vezes, a outra ou as demais sem palavras. Mesmo quando dominamos o assunto de que falamos, devemos nos lembrar de que tudo é rodeado de complexidade e diversidade.
O intelectual, crítico e jornalista norte-americano, Henry Louis Mencken (1880-1956) era “avesso a certezas absolutas e a tudo o que possa servir de obstáculo para o uso da razão”. Para atenuarmos a presença desses obstáculos em nossas conversas é necessário que o bom senso e a prudência se façam presentes nesse cenário. Quando mergulhamos num mar de certezas absolutas, muitas vezes sem nos darmos conta disso, costumamos voltar à superfície repletos de novas idéias e de dúvidas que nos farão buscar novas respostas.
De acordo com Rogers (1961, p. 32) “quando posso aceitar uma outra pessoa, o que significa especificamente aceitar os sentimentos, as atitudes e as crenças que a constituem como elementos integrantes reais e vitais, é que eu posso ajudá-la a tornar-se pessoa”. Não é de estranhar que muitos autores modernos tenham sido influenciados por este psiquiatra e pedagogo. Rogers, em outras palavras, diz que a vida, em seu lado melhor, é um processo que passa, que muda e que nada está fixado.
Quando dialogamos, falamos de nós próprios para o outro e o outro faz a mesma coisa. Se deixarmos de entender e respeitar o que o outro tem a nos dizer não podemos, na mesma proporção, esperar que o mesmo entenda e receba alegremente o que temos também a dizer. O verdadeiro diálogo exige que um esteja ao lado do outro e não que um se coloque em posição de superioridade, como é o caso de alguém que "está convencido" de que sabe. O diálogo exige respeito total ao mundo do outro, exige ponderação e aceitação.
Em geral, temos idéias diferentes. Por isso, numa conversa é essencial que se realce a presença dos dois ouvidos, para que possamos prestar bastante atenção no que o outro tem a nos dizer. Não há fórmulas mágicas que determinam como essa relação deve acontecer; há, entre outras coisas, consensos e respeito às pessoas com as quais estamos conversando.
Algures, alguém perguntou: o que fazer para se conversar com aquele tipo de pessoa que pensa que só ela deve falar e que tenta impor certezas absolutas em tudo o que diz? Esta é uma pergunta que leva a várias respostas e a tomada de atitudes diferentes. Somos adeptos de que, sempre que for possível, devemos nos envolver com coisas que proporcionem prazer. Estaremos sendo, então, medíocres se nos envolvermos, concretamente, com tal situação. Pois, de acordo com Oscar Wilde: “Só os medíocres dão o melhor de si o tempo todo.” Ademais, entendemos que, em alguns momentos, é melhor relaxar do que tentar remediar.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

(CRÔNICA) O BARCO: e algumas 'mentes'...

(CRÔNICA) O BARCO: e algumas ‘mentes’...
Prof. Joceny Possas Cascaes.

De repente, pensei num barco qualquer. Fiquei imaginando uma embarcação, uma construção destinada a navegar sobre a água. Então, inúmeras imagens de barcos invadiram a ‘pessoal-mente’. Eram representações gráficas mentais de barcos grandes, médios e pequenos; cobertos e descobertos; que utilizam remos, velas e motores; destinados a passageiros e/ou a cargas; fluviais ou marítimos... As alusivas representações gráficas tomavam conta de algum ‘espaço-cerebral’ reservado às modestas imaginações. Lembrei também de uma barca e de uma barcaça. Aí, perdi-me!!! Minha ‘simples-mente’ embaralhou...
Senti-me, por uns instantes, como as cartas de um baralho ao serem baralhadas e que após são colocadas à mesa viradas para baixo; não se consegue saber em que posição ficou cada uma das cartas com o seu respectivo naipe. Qual era a diferença do barco, da barca e da barcaça? Ih!!! A ‘própria e sincera-mente’ havia achado interessante a condicionada e pesquisada resposta. Uma barcaça é uma embarcação de desembarque, usada para transportar mercadorias; uma barca é uma designação genérica aplicada a grande variedade de embarcações marítimas ou fluviais. Então, como a definição de um barco pode ser qualquer embarcação, passei a acreditar que, de certa maneira, uma barca pudesse ser também um barco.
E quanto à barcaça? Pensa-se que não tem muito a ver com essa história. Contudo, aproveito a momentânea ‘brilhante-mente’ para citar a canoa, a bateira, o bote, o escaler... Veículos ‘marinho-fluviais’, em parte, similares ao barco. Todavia, deixemos para falar sobre esses tipos de embarcações n’outro conto. Portanto, aproveitarei o inusitado momento para acrescentar um ponto... Assim, fixei a ‘modesta-mente’ num pequeno barco de pescadores. Um veículo aquático de madeira servido de motor! A ‘célere-mente’ havia buscado a imagem d’uma embarcação, em mar aberto que se encontrava distante uns vinte quilômetros da costa, com seis pescadores a bordo e com várias redes prontas para serem lançadas ao mar.
Contudo, um vento ‘forte-sorrateiro’ seguido de chuva e de vários trovões tornou ‘ávidas-as-mentes’ (no sentido de sôfregas) dos tripulantes do ‘barco-pesqueiro’. A pequena embarcação começou a dançar ao som das fortificadas ondas que se formavam. Parecia o anúncio de uma ‘fúnebre-melodia’ sendo entoada pelas bocas e pelas mãos, sabe-se lá de quem!!! ‘Desesperadas-mentes’ e corpos estavam à mercê das condições meteorológicas. Um acontecimento que não era novidade para os pescadores, mas que, embora estivessem, em parte, acostumados, sabiam que alguns ‘fatos’ sempre retornam de maneiras diferentes. Então, encontravam-se frente ao inusitado; estavam cara-a-cara com uma diferente tempestade.
Tempestade no mar, no ar, nas nuvens e na ‘principal e individuais-mentes’... O barco estava ficando alagado e o motor ensopado. Inexistia um jeito, momentâneo, de fazer o motor ligar. O negócio era usar os dois remos, acessórios considerados sobressalentes. Mas... por mais que se remasse o barco continuava a dançar ao som das ondas, sem querer obedecer às puxadas do remo e o ritmo frenético dos remadores. Um dos pescadores com uma ‘abóbora-d’água’ (uma cuia), com sua ‘singular e esforçada-mente’, com seus braços, com suas pernas e seu tronco fazia um enorme esforço para retirar a água que, por ora, inundava o barco. As redes não puderam ser lançadas; o motor e os remos, naquele momento, não serviam para nada. No entanto, a tempestade continuava, e o barco encontrava-se à deriva. Ainda... existiam ‘ardentes-mentes’ a bordo! O que fazer num momento como esse!? Mas, há o que fazer? Há instantes em que a experiência necessita habitar uma ‘nova-mente’, para poder ‘re-vigorar-se’. A fé é fortalecedora, traz força e vontade e faz continuar, acreditar que ainda é possível. Um barco, uma barca, uma canoa ou um enorme navio, não importa, as imprevistas e rigorosas intempéries não escolhem uma embarcação pelo seu tamanho para ‘atacarem’. Assim, é ‘franca e fantástica-a-mente’ que pensa que: ao se ter ‘Deus’ no coração continuar-se-á a ter que passar e a ter que suportar incontáveis desafios. Pois disso ninguém escapa. Contudo, um barco fortalecido pela ‘fé divina’ jamais virará ou será consumido pelo mau tempo. Assim, creio que devamos pensar. Nesse caso, ‘mera e plena-mente’...

(CRÔNICA) AS PORCAS: e os parafusos...

(CRÔNICA) AS PORCAS: e os parafusos...
Prof. Joceny Possas Cascaes.
Confesso! Entrei em parafuso, desorientei-me. Minha mente parecia uma espiral de um parafuso, que havia encontrado a porca de espessura certa para, mediante movimentos giratórios, introduzi-la. As idéias, que pareciam próprias, retorciam cada vez que eu apertava a porca com a chave que buscava as palavras. Mas, uma porca pode ser também a fêmea do porco. Animais sexuados, que possuem órgãos genitais externos. O órgão sexual do porco, quando está pronto para copular e que, por isso, se torna visível é, de certa forma, parecido com um parafuso. ‘Espera-aí’! Estás querendo insinuar algo? Procure esclarecer essa sua prosa.
Estou tentando fazer apenas uma – alucinante - comparação. Comparação-alucinante, por quê? É que continuo meio aturdido. Encontro-me maravilhado, mas as idéias-próprias, representadas pela tal porca, continuam sendo atarraxadas... Portanto, aumentou o grau de minha dificuldade. As palavras de que necessito colocar nesse texto querem desaparecer. Contudo, tenho que tentar seguir adiante. Quando um casal de porcos copulam, o porco introduz na porca o seu órgão sexual que é parecido com um parafuso. Como não se sabe ao certo a origem da palavra parafuso, que pode ter vindo do aramaico, do latim ou, quem sabe, do grego... pensei, desvairadamente, nessa relação introdutória.
Uma porca que recebe o seu parafuso! Pode ter vindo dessa interligação a origem das palavras porca e parafuso. Meras suposições!!! De ‘concreto’ só o cimento misturado a areia, aos cascalhos e a água, posto em reserva para secar e, com isso, endurecer. Porém, nesse caso, o furo da porca não é em espiral, assim não consegue se atarraxar ao parafuso do porco. De um certo prisma, acredito ser ‘bom-agradável’ para os dois animais. Assim, possuem liberdade no movimento sexual, simplesmente porque podem ignorar qualquer tipo de chave. Pode existir similaridade também na questão da sujeira. Os porcos são animais considerados sujos, porque, quando em liberdade, adoram banhar-se na lama.
A porca e o parafuso, peças de ferros, geralmente são manuseados por quem, por necessidade, tem a mão suja de graxa. Além, às vezes é necessário, para atarraxá-los um pouco de alguma substância oleosa, que, de certa maneira, também os deixam sujos. Similaridades insinuantes! Pois, essa narrativa pode deixar de ser factual. Mas, o importante é que ela seja reflexiva. Porque os parafusos podem ser subtraídos ou adicionados. Como assim? Podem faltar ou sobrar parafusos para as porcas ou vice-versa. No entanto, ter parafusos de mais ou de menos, coloca-nos numa situação de desequilíbrio mental. Mas, como, por inúmeras vezes já nos foi dito, “de bobo e de louco todo mundo tem um pouco” (ora assim, ora d’outro jeito), torno-me um pouco mais tranqüilo.
Tranqüilidade popular! Talvez, porque esse provérbio tenha surgido da boca do povo. Mas, inúmeras porcas continuam à espera de um parafuso e continuarão. Será que não são os parafusos que permanecem a aguardar as porcas? Aparentes incertezas! Porque muitas porcas jamais conhecerão um ‘porco-parceiro’ para acasalar. Assim, como muitos porcos também deixarão de conhecer uma companheira disposta a trocar ‘carícias-sexuais’. Pois, as pessoas que criam porcos a serem vendidos para os frigoríficos, possuem, em geral, um número reduzido de matrizes reprodutoras. Ademais, nesses lugares, os porcos, poucos dias após o nascimento, são transformados, numa determinada maneira de falar, em ‘eunucos’.
São castrados e, embora em muitos casos continuem com a ‘cisma’, perdem a virilidade. Tornam-se incapazes de introduzir... embora a porca possa continuar desejosa. Como um parafuso ou uma porca metálicos que são ‘espanados’, que se desgastaram. Perderam suas serventias como encaixes que atarraxam. Mas, preciso afrouxar, um pouco, a porca para que o parafuso possa ser aparafusado. Quer dizer, ao afrouxar, minimamente, o parafuso, evita-se de desgastá-lo, assim adquire-se tempo para matutar o final dessa prosa. Afinal, continua-se em meio à caixa que contém centenas de parafusos, portanto, um pouco perdido. No entanto, encontro-me envolto numa agradável e, ao mesmo tempo, tumultuada maneira de pensar que tende a ser própria. Contudo, responda-me: quantos parafusos (deixaram de fora as porcas) uma pessoa deve possuir para ser considerada equilibrada mentalmente!?

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

(CRONICA) ESCREVER!!!

(CRÔNICA) ESCREVER!!!
Prof. Joceny Possas Cascaes

Escrever a quem? E, falar sobre o quê? Eis uma questão ou uma solução. Ensejo registrar, meramente, a escrita da pergunta ou da resposta. Contudo, diante de parvas palavras, o que fazer? Minha chaga-paixão (por tudo) me impede de registrar o que penso. Então, resta-me buscar algumas notívagas palavras. É dia claro. Encontro-me no escuro de minhas próprias letras: embaralhadas, ultrapassadas, fúteis (no sentido de levianas), frívolas e...
Escrever é um dom. Mas, se tudo se aprende, quem sabe, esqueci-me dessa aptidão. Enterrei os meus argumentos. Pior! Esqueci o lugar. Debalde, busco encontrar a arte. Porque a escrita é uma expressão-correspondência. Necessita de certa habilidade para conduzir as palavras, para ordená-las no papel. Sopa de letrinhas!!! É quase impossível organizar as letras para poder digeri-las e para mostrá-las a alguém. Então, permanece a indigestão. Congestão casual do uso das letras-palavras.
Esvai-se minha oportunidade. Meu momento passa. Surgem outros, mas continuo sem êxito. Ando perdido dentro de mim e lá no fundo do coração e/ou d’alma desaparecidas estão as afirmações e as declarações que penso em anotar. Busco registrar para o eterno, o lugar que desconheço. As nuances da escrita me confundem. Nirvana! Completa quietude. Ablução... necessito de um banho de purificação. Há de surgir um ritual, uma liturgia da palavra escrita. Quero me banhar.
Admiro-te e respeito-te letra. Minha atual essência se encontra na entrelinha que nesse instante está apagada. Por isso, como prosseguir!? Como e o que escrever? A palavra é um símbolo. Um signo que serve para designar coisas do mundo físico e psíquico. Amputado está o meu espírito-criador. Lembro-me pouco do espaço físico e de minha psique. Minha mente – deveras - mente. Verdades são para amadores. Elas existem apenas no imaginário de quem pensa que a mentira está fora dessa tessitura.
Reflita-se: na durabilidade da verdade se deita, preguiçosa, a mentira. O que hoje acreditamos, amanhã poderá nos derrubar, alquebrar-nos. Escrever é sempre perigoso. Aquilo que é dito permanece no papel. Dizer falando é mais fácil. O que é expresso oralmente entra, mas logo parte. Se não foi gravado se torna difícil reprisar. Interpretações são inúmeras. Ninguém vê a mesma casa do mesmo jeito; o mesmo carro da mesma forma... Escritas sofrem ações pessoais. Vários serão os comentários.
Antanho! Outrora sempre foi assim. Interpretações deixam de ser atuais, fazem parte da ordem pessoal. Eu, tu, ele, nós vós e eles. Pessoalíssimo. Podem explicar (coisa qualquer), mas o meu jeito-interpretação se fará presente. Minhas emoções, minhas razões, minha educação, minhas histórias da vida é que contarão... Estas é que lerão o texto. Leituras desbotadas e inférteis podem ser coloridas e fecundas a outros. Todo texto é um pretexto.
Contudo, desculpas são cabíveis e aceitáveis. Querem ressuscitar o verdadeiro. Faltam-me motivos para impedi-lo de escavar, de permitir que saia de seu sono eterno e de vir à baila. Taciturno, prossigo. Não sigo lendas e tento me abster dos mitos. Mas, e as palavras!? Creio que continuam distas. Como evitar os mitos se, de certa forma, existem? Se nos são repassados, através de gerações, como sendo princípios certos? Alerta! A palavra poderá explicar, mas somente àqueles que acreditam no poder do pessoal-conhecimento.
É impossível digerir com prazer o desconhecido. Palavras acres são entediantes. O aprender a ler faz parte da obra. Obra da escrita que se tornará leitura. Ato transecular que exige transcendência. Mas, como ler o incompreensível? Nos contornos da própria linha-limítrofe. Aquela que estará sempre no limite do compreensível e enigmático. Compreensível para quem sabe que é impossível tornar suas (na íntegra) as palavras de alguém e enigmático aos que pensam que saber ler é entender o superficial daquele que escreve. Entrementes, encontrei algumas palavras!!! Onde? No interior de meu próprio esquecimento...

(CRONICA) A PONTE...

(CRÔNICA) A PONTE...
Prof. Joceny Possas Cascaes.

Próximos às margens opostas de um largo e revolto rio, vivem dois povos indígenas. Caçam, pescam em locais onde o rio é calmo, e coletam – cada qual em sua margem. Ambos os povos, que vivem naquela região há décadas, mantêm modesta aproximação. Por ocasião da ‘festa da paz’, que é realizada em datas diferentes por cada um dos povos, alguns membros das tribos se encontram para realizar uma grande comemoração. Para os indígenas da margem esquerda tal confraternização acontece no mês de janeiro e para os da margem direita em julho. Então, os representantes dos referidos povos, encontram-se, no entardecer sem se preocuparem com a hora final do ritual, duas vezes ao ano.
Acontece que a travessia do rio é sempre extenuante. Primeiro: os indígenas precisam caminhar alguns quilômetros para chegar ao local onde é mais conveniente atravessar o grande rio; segundo: o rio, além de possuir vasta largura, tem em seu leito enormes pedras e uma forte corredeira. Então, por possuírem frágeis canoas, aproveitam a ocasião para aperfeiçoar a coragem de seus índios mais velhos e para testar a dos mais jovens. Não importa serem mulheres ou homens, basta, durante o ano que precede a travessia para o evento-festivo, ter aprendido e/ou aperfeiçoado as técnicas da coragem.
Os novatos que se acham em condições e que desejam acompanhar os demais membros da tribo recebem autorização do “grande-chefe” e do pajé para fazerem parte da aventura-visita. A transposição do rio é sempre perigosa, pois, além do risco da própria travessia, as chuvas se tornam sempre uma incógnita. Atravessar as águas agitadas e passar para o lado da tribo que aguarda para a ‘festa da paz’ acontece enquanto ainda é dia. Isso abranda, um pouco, a chegada ao outro lado do rio. Contudo, o retorno se torna mais temeroso. A cerimônia da paz sempre adentra a madrugada, então, os índios voltam hiper-cansados. Nesse estágio, os acidentes são quase inevitáveis.
Algumas ocasiões são marcadas com acidentes fatais. Quando isso acontece, os índios voltam para a tribo pensando que estão sendo castigados por seus deuses, por desafiarem, àquelas horas da noite, a mãe natureza. Pensam, há alguns anos, em fazer algo para que esses sinistros deixem de acontecer. Há um desejo entre os povos das margens opostas do rio de manterem os seus encontros destinados à paz. Entendem que isso também os enriquece culturalmente (trocas de idéias) e que são momentos, espelhados na visão da tribo co-irmã, de reforçarem seus próprios pensamentos sobre a paz.
As idéias fervilham na cabeça dos índios das tribos opostas. O que fazer? Resolveram, então, marcar uma grande reunião entre os líderes das tribos. E, visitando o local que chamam de “garganta da cachoeira” resolveram construir uma ponte. Aquele era o local ideal para realizarem a obra que mudaria o destino das duas tribos. Com cordas grossas feitas de cipó e enormes tábuas, começaram a construção da pretendida ponte. Penosamente, meses se passaram até que a ponte com quarenta metros de altura e com duzentos metros de comprimento se tornasse uma realidade. A obra se tornou uma maravilha artesanal. Ao invés de deixarem de se encontrar, os indígenas se uniram numa grande tarefa e construíram um elo, que se tornou abençoado, de ligação entre eles.
Porquanto, pontes são encontros de caminhos; são junções das intersecções. As pontes permitem que o novo conheça e aprenda com o velho e vice-versa. Além, as pontes trazem e levam o progresso e permitem que o conhecimento seja mais fértil. Com pontes, as trocas, em seus diversos níveis, passam a ser co-idealizadas. Muros isolam (o rio caudaloso afastava os dois povos); pontes aproximam. Na vida, cada ser-gente é uma ponte em potencial. Isoladamente, alguns pontos da estrutura, que pretende ser humana, se encontram deteriorados pelo tempo; outros se apresentam um pouco mais rijos. Porém, nenhuma ponte-pessoa está – totalmente - bem acabada. É, de certa forma, natural que umas se encontram mais fortes (pontes mais humanas) do que outras.
Por isso, talvez seja conveniente que, nessa breve vivência terrena, cada pessoa tenha a obrigação de ser um esteio na ponte d’outro. Assim, as manutenções das pontes-próprias estarão, quem sabe, melhor garantidas. Como as duas tribos que, a partir de agora, poderão diariamente, se assim desejarem (não mais, apenas, anualmente), reforçar as suas trocas de experiências. Pois, pontes são desejos, que podem se tornar concretudes, de múltiplas realizações...

(CRONICA) A NOTICIA...

(CRÔNICA) A NOTÍCIA...
Prof. Joceny Possas Cascaes.

Nota Internacional! Deu no rádio; passou na TV; escreveram nas revistas e nos jornais; “re-passaram” de boca em boca e chegou a Roma. Roma? Existiam intenções de fazer a notícia chegar lá? Talvez! Mas, como o ditado diz: “quem tem boca vai a Roma”. Traduzindo (visão pessoal): pedindo informações, mesmo desconhecendo o caminho, chega-se a qualquer lugar. Fato conhecido! No entanto, a notícia se espalhou, levou a informação desejada. Será? O objetivo dos meios de comunicação de massa – a mídia – foi alcançado. A informação chegou aos quatro cantos do Mundo. Se o mundo tem cantos – tantos foram os meios que fizeram a notícia chegar até lá.
Nesse caso, fale sobre o tal fato. Notícia resumida, propalada de diversas maneiras, por um famoso jornalista: - “A Casa Branca está caindo!”. Isto estourou como uma bomba atômica. Efeito maior!!! A bomba Atômica atinge vários quilômetros de distância – o estouro de reportagem circundou o Mundo. Porém, houve uma situação interessante neste informativo. Por questões legais, o citado jornalista teve o cuidado de repassar apenas o que ele sabia ter acontecido. Cuidou!!! No entanto, o ocorrido se transformou... Vejam como a notícia foi divulgada em alguns jornais – valendo-se da garantida fonte:
- Jornal Brasileiro: Bush pode ter virado... bucha.
- Jornal Alemão: Bush imita Fidel - tropeça e cai;
- Jornal Francês: A Casa Branca está caindo – por isso, passa por reformas. Pensam em trocar a sua cor – o branco faz aparecer facilmente a sujeira;
- Jornal Inglês: Nova York sofreu um atentado que afetou as bases da Casa Branca – está cambaleante sobre a lama soberba. O presidente do país quer deixar sua impressão antes que a lama endureça.
- Jornal de um país africano: Plebiscito nos EUA tira ‘Bush’ e convoca ‘Bin’ a assumir o país. Porém, o povo apreensivo, comenta que nada irá mudar.
- Jornal Iraquiano: Reportagem de capa: (só risos... Fotos de pessoas rindo).
- Jornal Japonês: Golpe de Mestre – engenheiros que projetaram a Casa Branca assinaram um termo, na época da construção, que informa o seguinte: esta obra – conhecida mundialmente – suportará muito peso, mas não comportará o peso da insensatez e da hegemonia desumana.
- Jornal Estadunidense – As estruturas da casa Branca contêm algumas fissuras. Mas, segundo os peritos, não corre o risco de desabar. Há um racha no governo Bush que pode estar com a ‘Condolesa Rice’.
A notícia - em si – causou euforia no meio jornalístico mundial. Porém, a mídia, ‘top’ de linha de cada país, valendo-se da ética profissional (em casos como estes, a necessidade obriga), aguardou o final da reportagem divulgada pelo reconhecido jornalista. Então, as fontes de informações acima são falsas? De um determinado ponto de vista, sim; de outro, não. Os diversos meios de comunicações, que se aproveitaram da meia informação prestada, fazem parte do rol da imprensa jocosa. Usaram de um acontecimento e o venderam ao público de maneira engraçada. Como assim? A informação carecia de fé, no sentido de confiança, por isso, despiram a seriedade do Bush.
No entanto, houve dois jornais que prestaram informações verídicas. A primeira se refere ao jornal iraquiano - riram de algo que eles anseiam acontecer; a segunda, diz respeito ao jornal japonês, que deixa claro o cunho sério-humorístico em sua declaração. Pausa para meditação... Notícia final: aclamado jornalista morreu - mataram o portador da informação que poderia mudar os rumos do Planeta. Quem sabe, enviaram-no ao rabo de um cometa! A Casa Branca está caindo. A China está surgindo – a Europa está se unindo... Psiu! Manifestação jornalística ruidosa universal: a Casa Branca ainda não ruiu... Suspiros finais! Mas, a justiça não tardará. O turbulento astro hegemônico há de implodir. Ufa! Futuro garantido. Que se desarmem aqueles que pensam ser os mocinhos...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

(CRÔNICA) POESIA!

(CRÔNICA) POESIA!
Prof. Joceny Possas Cascaes.

“Se procurar bem você acaba encontrando
não a explicação (duvidosa) da vida.
Mas a poesia (inexplicável) da vida”.
- Carlos Drummond de Andrade –

Encontro e me encontro na poesia. Na poesia apaixonante que me rodeia e que me entorpece. Afinal, o que é isso – poesia? Os dicionários a definem como ‘encanto, graça, aquilo que desperta o sentimento do belo, o que há de elevado ou comovente nas pessoas ou nas coisas’. Engraçado! É como gostaríamos que fosse o nosso dia-a-dia. É a representação sustentável do belo. O imaculado desejo que norteia os momentos. A paz, o brio, o puro amor! A essência dos sentimentos. Aquilo que, sem querer, buscamos: a bela paisagem, o sol, o mar, o digno trabalho, o descansar, as leituras que nos dão prazer, o brilho do luar, a música, a arte, a amizade, o encanto do dia e a alegria. Ah – a família! Existe coisa comparável? O ‘eu’, o tu e o nós em dias de bonança. Quem dera! O paraíso...
Contudo, vamos trocar algumas idéias, caro leitor. Detesto imposições! Elas nos deixam falando sozinhos. Prefiro as permutas que nos fazem refletir sobre a forma que agimos, falamos ou escrevemos. Mas, quanta, quanto à poesia... Sensatez! A ‘não-poesia’ circunda o nosso meio. Inunda as nossas ações e visões. Faz-nos ficar de mal com o fator que nos dá vida. Ela é abundante, considero-a redundante. Mas, vamos ao que interessa, à poesia. Respeitando as particularidades e os gostos pessoais. Por que gostamos de assistir a bons filmes; de ler os livros que nos agradam; de fazer amizades com pessoas que são afins às nossas conversas e atitudes; de escutar as músicas preferidas; de contemplar o mar, as montanhas e de sentir a beleza da neve ao cair?
Por que as vitórias nos agradam tanto; os afagos; as boas lembranças; os dias em que o corpo encontra-se em festa; a serenidade; a capacidade de amar e de respeitar? Por quê? Eis uma razão a ser respondida. Respondamos como, de que maneira? Se a poesia é... uma interpretação, uma visão de mundo, um conhecimento, um palpitar. Talvez, um sonho. Mas, sejamos convenientes, todos os projetos são despertados pelos sonhos. São nas visões dos sonhos que damos sustentabilidade às nossas ações. Sonho bom este: poesia! Enfim, a paz, o cuidado com o Planeta, a solidariedade constante, a alteridade (preocupação com o outro), a roda de amigos, o bom vinho e a boa comida, a valorização do ser (que independa do ter).
Impossível? Sejamos realistas, é evidente que buscamos os momentos de prazeres, aqueles que nos oferecem contentamentos. Sabemos que é meramente impossível vivermos cotidianamente mergulhados num mundo de acontecimentos maravilhosos. Isso é ponto pacífico! Embora a visão do oceano pacífico seja poética. O que estamos querendo dizer vai além daquilo que é possível escrever... Eu, você, nós – cada um do seu jeito – somos poetas, porque costumamos buscar a essência daquilo que nos faz bem. Contudo, a poesia exige respeitabilidade, consenso, hombridade, civilidade. Por isso, a perseverança de querer ser um autêntico poeta. Ainda falta-nos...
Nesse dia haveremos de reconhecer que a poesia é a representação fiel do que desejamos ao Planeta e a cada um de nós. Confúcio, filósofo Chinês (551a.C – 479a.C),
brinda-nos com a seguinte frase: “Deixa o caráter ser formado pela poesia, fixado pelas leis do bom comportamento e aperfeiçoado pela música”. Eu diria, pela boa música. No entanto, nestes tempos de desastres, de intempéries (causadora de catástrofes), de solidão, de indiferenças, penso que esteja na hora de acordarmos a veia poética que se encontra adormecida dentro de nós. Assim, quem sabe, cada um, na sua particularidade, estará despertando o sentimento do belo e contribuindo de alguma forma para que a poesia, ‘inexplicável da vida’, seja levada aos ‘quatro’ cantos do mundo, no intuito de contribuir, de alguma forma, com a ‘re-construção de um mundo melhor. Repleto de cuidado e de respeito a si, ao outro e inclusive ao Planeta...

(CRÔNICA) VÍCIOS DE LINGUAGEM: tentativas de emagrecimento com cacófatos...

(CRÔNICA) VÍCIOS DE LINGUAGEM: tentativas de emagrecimento com cacófatos...
Prof. Joceny Possas Cascaes.

No afã de emagrecer, ‘faço Cooper diariamente’. Em duas semanas já perdi quatorze dias. Quilos que é bom!!! Nem pensar. Mesmo assim, quando perco alguns quilinhos logo os encontro. Penso que a receita do emagrecimento esteja no fechar a boca. O meu fogão tem quatro bocas e continua com o mesmo peso desde o dia que o comprei. Quem sabe, seja conveniente saber utilizar a boca. Pois, fechá-la na hora certa pode evitar transtornos de comunicação, problemas digestivos e ainda prevenir a obesidade. Porém, pediram-me para que eu ‘nunca pense nunca nisso’. Pensei: caniço! Uma cana fina. As pessoas que são magricelas também são chamadas de caniço.
Contudo, não é minha intenção emagrecer tanto. Então, de repente lembrei do ‘nosso hino’. O cidadão ao meu lado entendeu: suíno. E aproveitou para me dizer que comer carne de porco, em excesso, engorda e que a gordura desse animal faz muito mal ao nosso organismo. Acrescentou: é preciso aprender a mastigar os alimentos. Não! Quando falei do Hino Nacional Brasileiro me referia à parte da estrofe que diz: “verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte”. Nesse sentido, passa a ser conveniente que se tenha um peso ideal, assim, quem sabe, tornamo-nos mais saudáveis e, portanto, preparados para enfrentar a luta e a labuta diária.
Mas, lendo sobre os benefícios do alho, Teresa Ortega (Professora de Farmacologia), diz, em relação ao alho, que “Seus compostos melhoram a saúde cardiovascular e previnem as doenças coronárias e circulatórias por diferentes mecanismos: reduzem a taxa de colesterol, tornam o sangue mais fluído, previnem a arterioesclerose e estimulam a dilatação das coronárias”. Dessa maneira, é aconselhado que em nossa dieta acrescentemos o alho. O problema poderá residir na hora de preparar o alho. Pois, ‘socar alho’ não é tarefa fácil. Apesar disso, os movimentos que nos farão surrar o alho também agregam alguns benefícios. Estão, de certa forma, no rol dos exercícios.
Por exemplo, andar, nadar, escalar, varrer, pedalar... Basta movimentar-se. O corpo necessita de atividade física. Jogar futebol, esporte que virou mania mundial, umas três vezes por semana é um exercício que pode ajudar a melhorar a saúde corpórea (corpo e mente). Imaginemos uma cena! Se o Romário jogasse no mesmo time do Cafu e ambos correndo em direção ao gol adversário e Romário, dentro da grande área, pedisse a bola e ‘Cafu deu’. Problema do Cafu... Cafu não precisava ter ‘dado’! Nesse caso, estamos nos referindo à bola. Pois o próprio Cafu poderia ter chutado ao gol. Porém, preferiu passá-la para o oportunista (poderia dizer o homem da banheira) Romário chutar.
No entanto, a bola foi chutada para fora. Enquanto isso, na arquibancada um casal resolve discutir. De quem foi a culpa, do Cafu ou do Romário? Talvez, de nenhum dos dois. Todavia, o homem resolveu colocar a ‘culpa nela’. Será que ele está culpando a sua companheira ou está falando da panela? Se for da panela posso retornar a prosa que iniciou esse texto. O meu desejo de emagrecer. A panela é um utensílio usado para se cozinhar os alimentos. Então, um dos caminhos, é saber preparar os alimentos. Pouca gordura e os rins agradecerão se evitarmos o exagero de sal. Aproveitar a panela para fazer revogados de verduras e lembrar-se de que alguns vegetais, corretamente lavados, devem ser comidos crus.
Devemos comer muitas frutas e conhecer os benefícios do açúcar mascavo. Vivemos num país tropical, lugar onde ‘abunda’ a agricultura, quer dizer, onde a agricultura é abundante. Pois, na ‘ótica minha’. Ih!!! Eu tenho uma ótica e não sabia. E isso não é verdade, o fato é que do meu ponto de vista, somos um país produtor, em grande escala, de soja. Nossa agricultura é bastante diversificada. Mas, a soja é um alimento que pode ajudar a diminuir o colesterol, aumentar a densidade dos ossos além de outros benefícios; pode ajudar no controle da saciedade. Isso mesmo, ajudar a controlar o peso. E é isso que estamos almejando.
Mas, ‘vou-me já’!!! Não! Por favor, não desejo ir mijar, ou melhor, urinar. É que pretendo ‘evacuar’ o texto, no sentido de sair dele, pois quero terminá-lo. Bom! ‘Já que tinha’ resolvido findá-lo. Será que eu falei jaquetinha? Deixa pra lá! Quem sabe, em dias que deixam de ser frios, o uso de uma jaqueta ajude a queimar umas gordurinhas. Talvez, com isso, eu tenha encontrado parte da solução do emagrecimento. De qualquer forma, voltarei a trabalhar na fazenda. Com o ‘Cooper feito’ diariamente estarei preparado para ajuntar o rebanho com a vara de ‘toca gado’... Leitor! Você tem o direito de pensar o que quiser. Pois, todo texto possui inúmeras interpretações. Mas, tenha a certeza, continuarei tentando emagrecer...

(CRÔNICA) OS ÓCULOS!

(CRÔNICA) OS ÓCULOS!
Prof. Joceny Possas Cascaes

De repente, repousei meus óculos sobre a mesa. Óculos? Havia colocado sobre a mesa – apenas - uma peça. Então, perguntei aos meus botões, por que usar o plural? Encontrava-me extasiado sobre o efeito simbólico dos óculos sobre a mesa. Uma pluralidade montada numa única armação. Duas lentes, dois instrumentos para melhorarem a visão. Cada lente é um óculo; se são duas... Defronte ao monitor de vídeo onde tentava ordenar as palavras - simplesmente emudeci. Continuei a fitar os óculos. Sem eles, as letras, a minha frente, tornavam-se embaralhadas. As idéias surgiam, mas faltava-me alguma coisa para que eu pudesse tirar aqueles óculos do lugar onde se encontravam.
De certa forma, retirar do lugar onde se encontrava, pois continuava, com certa deficiência, a ver uma peça só. Meu fiel e legítimo companheiro ou meus fiéis e legítimos companheiros. Alguns podem dizer que tanto faz, digo que faz diferença. Sendo um é único, sendo dois passa a ser múltiplo. Bom! Mas vamos ao que interessa. Continuei a frente dos vários aparelhos que fazem parte do conjunto das ‘novas tecnologias’. Minha intenção era escrever. Como de costume, o maior desafio de uma pessoa que trabalha com as palavras é ordenar seus escritos. Às vezes, saber sobre o que escrever... Nesse caso, o desafio se agigantou. Ao tirar os óculos, minha visão confundia-me. Mas acontece que o fato de tê-lo tirado é que havia me proporcionado algumas idéias.
Assim, veio-me à mente o assunto sobre o qual deveria debruçar-me. Na tentativa de tirar os óculos do lugar onde se encontravam, a imaginação fugia. O que fazer? Sem meus óculos, ficava impossível escrever. Em compensação, a cabeça fervilhava de imaginação. Meus óculos postados sobre um objeto de madeira. Pareciam descansar ou davam a impressão de quererem distância do seu dono. Mas, como? Sempre os tratei bem! A cada hora, tiro-os para limpar e, meio sem visão, observá-los. Esquisito, não!? Um par de óculos que deixava de ficar preso ao pavilhão da orelha e que tinham o objetivo de corrigir uma visão. Uma ou duas? Dúvidas novamente...
Pensemos!!! Se somos providos de dois olhos, então os óculos servem para corrigir as visões, que formam uma dupla. No meu caso, uma dupla distinta. Embora pareçam iguais, no que tange a capacidade de contemplação, forjaram-se diferentes. Os pontos de vista deixaram de ser os mesmos. A lente direita possui mais grau do que a esquerda. Então, os óculos deitados sobre a mesa possuem um óculo com mais grau do que o outro. Minha ‘visão-idéia’ parecia baralhar. Queria escrever e sem os meus óculos não conseguia, mas, se retirá-los de sobre a mesa... Ah! Que bom lembrar de algumas frutas doces, tipo as que são servidas após as refeições. Sobremesa!
Parecia que as letras ‘mal vistas’ estavam dentro de uma taça e prontas a serem saboreadas. Embora fosse um sabor acre, tinha que digeri-las. Isso feito, meu corpo alinhou-se, no sentido de ter aderido à causa. Que causa? Estava no momento determinando um acontecimento. Tinha uma ‘causa’ exposta em cima da mesa. Minha intenção era revelar os fatos observados. Uma realidade composta por duas lentes... Quem sou eu sem elas? Mal consigo enxergá-los (os óculos), enxergá-las (as lentes). Há uma névoa presente. Preciso assentar os meus óculos sobre o meu nariz. Momento em que minhas mãos se dirigiram ao ‘par-diferente’ de óculo.
Óculos assentados! Enfim, uma visão, de certa forma, confortável. Ih! As idéias onde foram parar? Os ‘psicólogos-analistas’ talvez diriam que estão na id. Id? Sim, a parte mais profunda da mente ou da psique. Se lá estiverem, como recuperá-las? Regressão!!! Devo retornar ao início do primeiro parágrafo: “De repente, repousei os meus óculos sobre a mesa. Óculos?” Havia percebido – de fato – a falta que eles me fazem. Acordei para uma nova realidade. O homem com seu poder inventivo. Soluções para os fazeres... Assim, pus fim ao(s) episódio(s) ocular(es). Mas, as idéias voltaram. Devo prosseguir! Vou tirar os meus óculos por uns instantes novamente. Pausa! Estou adentrando a mente... Necessito escrever! Onde deixei os meus óculos?

(CRÔNICA) O RELÓGIO...

(CRÔNICA) O RELÓGIO...
Prof. Joceny Possas Cascaes.

Simplesmente, pasmou-se!!! O perplexo, no sentido de surpreso, adentrou – subitamente - um corpo, que no momento se encontrava apático. Minutos se passaram... então, o tal corpo conseguiu, naturalmente, acalmar-se. Mas, o que havia acontecido para causar o significativo espanto? Aparentemente, nada; concretamente, talvez, muito... Estava-se pesquisando, a título de curiosidade, em diversas fontes, sobre os recursos utilizados para medir o tempo, quando se deparou com uma lista, de certa maneira enorme, que informava sobre a utilização de vários meios.
Dentre esses meios há os que se utilizavam ou se utilizam: do visual, da sombra, dos líquidos, da areia, das chamas, da atmosfera, da natureza e da evolução do conhecimento humano em que se encontram os relógios mecânicos, os de bolso, os de pulso, os elétricos, os eletrônicos, os digitais e inúmeros outros. Porquanto, é surpreendente e ao mesmo tempo envolvente essa história de medida do tempo. Embora, no momento, se deseje apenas saber sobre as superficialidades temporais, é mister informar que o tempo faz parte, em parte, dos arcabouços semânticos. Nesse caso, o tempo e o espaço servem de bases para o entendimento da evolução do sentido das palavras.
Senão, prenda-se a idéia no maquinismo que é utilizado para marcar as horas. (!!!). Fala-se do relógio. Instrumento que é, de certa maneira, determinante do ensejo e da oportunidade e que pode, superficialmente, prever e registrar o momento e a ocasião. Quando esse momento e essa ocasião se tornam importantes, o tempo pára, para que a hora possa ser – freqüentemente – rememorada. Os relógios também servem para medir os intervalos. Medir os intervalos? Como assim? Eles medem o espaço de tempo entre dois fatos e, com o passar de um grande tempo, entre duas épocas.
Mas, preciso, encostado a uma grande sala de estar de um casarão-fazenda, encontrava-se um relógio “Rod-Bel”, fabricado no Brasil, de aproximadamente dois metros de altura por uns oitenta centímetros de largura. Parecia um imponente ‘big-ben’. No entanto, essa impressão, quem sabe, seja porque o ‘big-ben’ verdadeiro se torne um tanto desconhecido. Mas, o referido relógio possuía um pêndulo redondo e enorme. Uma peça de mobiliário artesanalmente travestida de relógio. Havia se tornado uma maravilha determinadora... Pois, indicava com pontualidade todos os momentos e contribuía para evidenciar as ocasiões consideradas importantes. Era um marcador de horas, brilhantemente programado.
Às seis horas, ele ajudava a despertar uma infinidade de seres. As crianças, os adolescentes, os mais velhos e os empregados. Alguns bichos que dormiam próximos a casa, também se sentiam chamados a participarem do ritual matinal. Suas batidas eram ensurdecedoras. Podiam-se escutá-las, quase que perfeitamente, num raio de cem metros. Além disso, havia um sino, instalado fora da casa, que tocava imediatamente após as batidas do relógio. Assim, todos os moradores e trabalhadores da fazenda podiam se portar atentos aos momentos...
Sete batidas indicavam o início da labuta diária; nove, a hora do lanche; doze, a hora do almoço; treze, a hora de voltar a trabalhar; quinze, a hora do lanche da tarde; dezesseis, a hora do término do trabalho. Às dezenove horas acontecia a última batida do relógio (dos dias entre a segunda e a sexta) e, conseqüentemente, do sino. Ocasião em que as pessoas eram avisadas – musicalmente - do início do jantar. O relógio, após as doze batidas de sábado, deixava, automaticamente, de percutir. Período em que reinava um profundo silêncio naquele ambiente agradável à vista e ao corpo, acalentado pelo suave barulho dos ventos, da bicharada e das vozes das poucas pessoas que permaneciam, durante o final de semana, na grande propriedade rural.
Um magno relógio fabricado por artesão e um autêntico medidor de tempo. Às vezes, cercado por muitos seres e em outras ocasiões, eminente e solitário, encontrava-se embalado pelo ‘tic-tac’ de suas próprias horas. Mas, memorando-se esse relógio e outros medidores de tempo, percebe-se que, de certa maneira, o tempo nunca passa, pois são os seres (todo e qualquer ente vivo e animado) que passam. O relógio é, apenas, uma ferramenta, deveras significativa, para que se perceba o tempo das pessoais ações passar mais depressa. Generalidade: vive-se pedindo para que o tempo passe! ...Questão de reflexão!? Então,...

(CRÔNICA) MOSQUITOS!

(CRÔNICA) MOSQUITOS!
Prof. Joceny Possas Cascaes.

Nervosismo noturno! Tudo por causa de várias fêmeas que, instintivamente, por amor as suas crias, desejavam, hora ou outra, ‘parir’, ou melhor, pôr. Há livro que informa que os mosquitos-fêmea põem, em média, 250 a 400 ovos divididos em várias posturas. Era 21h30min.! Momento em que eu e minha esposa deitamos. Minutos após o apagar das luzes - o ataque começou. Noite quente! Olho para o lado e lá está minha companheira toda coberta, dos pés ao último fio de cabelo, sem se incomodar uma vírgula com aqueles insetos de duas asas; dípteros infames. Como costumo ligar o ventilador e não consigo dormir acobertado em tempos quentes, vivenciei um espetáculo teatral, com recheios de um ‘picante-humor’. Daqueles que – literalmente - picam.
O refil repelente de mosquito, a ser colocado no aparelho elétrico, acabara. Tinha que ser justamente naquela noite quente. Ocasião em que uma quantidade, talvez, imensurável de ‘mosquitos- fêmea’ resolveu nos visitar. Adentraram, sem pedir permissão, em nosso quarto e na oportunidade ‘in-devida’ atacaram-me. Parece que estavam programados, pois esperaram o apagar das luzes, o ‘silêncio-roncante’ pairar no ar, a quietude do adormecer e... Em poucos minutos os meus pés começaram a comichar e a sentir uma irritação subseqüente, causada por algum tipo de líquido tóxico injetado pelos ‘malditos’ mosquitos. Pés (partes baixas) para os mosquitos é predileção... Pernilongos, maruins, fincudos... Sei lá que ‘diacho’ eram aqueles malditos bichos alados.
Momento em que tive que tomar uma decisão. Subitamente levantei-me e me vesti de ‘caçador-matador’. Acendi as luzes, armei-me de um lençol e parti para o ataque. Enquanto minha esposa dormia, sem perceber o que acontecia, resolvi partir para a ofensiva. Em pouco tempo, havia conseguido dar conta de matar uns quinze mosquitos. As marcas ficaram impressas nas paredes e no teto. Como explicar isso à esposa? Sangue por toda parte. Provavelmente, o meu. Pela quantidade (impressão que tive), somando-se a que estava no ‘bucho’ dos mosquitos que não consegui matar, tiraram-me uns dois litros. Dos sete, que imagino ter uma pessoa, restavam-me uns cinco litros. Voltar para cama, para tentar dormir, poderia se transformar numa fatalidade. Encontrava-me fraco e irritado pelas picadas; se os mosquitos, que restaram, me sugassem mais uns dois litros, nem sei o que aconteceria comigo.
Que decisão tomar? Dificuldades escaldantes, no sentido de pensar que aquilo era uma punição. Deitei-me... De posse d’outro lençol e com grande esforço, acobertei-me, quase que totalmente. Deixei apenas parte da cabeça e de uma orelha de fora. Suficiência indigna!!! Os mísseis teleguiados, pela tendência natural de fortalecimento dos embriões que cada qual carregava em suas ogivas (‘ventres’), resolveram ‘contra-atacar’. Zumbidos que circundavam a região auricular... Tapas e mais tapas! Metamorfoseei! Transformei-me também num verdadeiro mosquito. Daqueles que são elétricos. Virei um sujeito irritado, irrequieto. A cena seguira-se em completo reboliço. Instante em que, minha, até então, tranqüila companheira, acorda assustada. Vê a parede lambuzada de um vermelho carmim, ou de um vermelho Ferrari e...
O que aconteceu? Que barafunda é essa? Restou, enquanto os mosquitos se escondiam, explicar minuciosamente o que havia acontecido. Então, ela retruca! Eu não senti picada alguma. Mas como você sentiria alguma coisa picante, coberta desse jeito, perguntei? Houve uma parcial compreensão e, em comum acordo, trocamos de aposento. Fechando duas portas, encarceramos os ‘vermes’. N’outro quarto acendemos várias velas com intuito de nos prevenir de novas ‘agressões’, (último recurso que nos sobrava – na ocasião). Aproveitamos o momento um tanto ‘divino’... Luzes em nossas vidas (suspense - instante de imaginação do leitor!). O calor ambiental, somado ao das velas acesas produziram pura paixão fumegante. Verdadeiras borbulhas... Meu sangue havia renovado. Em nossas vidas não há nada que possa começar mal e terminar bem! Isso ajuda a nos preparar para enfrentar novos ‘incômodos-ataques’, inclusive de mosquitos!

(CRÔNICA) A MOEDA: e o jogo da vida...

(CRÔNICA) A MOEDA: e o jogo da vida...
Prof. Joceny Possas Cascaes

Pense numa moeda qualquer sendo jogada para cima. Até aí, tudo bem. Escolha um dos lados deste metal-dinheiro e torça para que ao tocar no chão sua opção fique voltada para cima. Dependendo da altura do lançamento, da velocidade, do ângulo e de outros fatores, nesse caso, a sua chance de acerto poderá (falou-se poderá) ser de cinqüenta por cento. Agora, gire essa mesma moeda sobre uma superfície lisa. Escolha um dos lados. Sua chance de acertar não será mais a mesma.
Epa!!! Estão querendo me enrolar. É... passar a perna. Enganar-me. Será? Se fosse possível girar um pão (tipo caseiro) fatiado, com manteiga e doce num dos lados, ao parar de rodar qual seria a probabilidade dele cair com o lado do doce para baixo? Cinqüenta por cento? Em casos como esses, é provável que, na grande maioria das vezes, o pão caia com o doce para baixo. Por quê? Quem sabe, por causa da ‘Lei da lógica’. Há uma, certa, lógica que faria com que o pão caísse mais vezes com a parte mais pesada para baixo. Isso acontece, muitas vezes, quando ele cai da mão.
Moedas costumam ter um pequeno desequilíbrio de peso, se comparado os seus dois lados. Por isso, o lado mais leve, tenderá a ficar, mais vezes, voltado para cima. Agora pense num problema pessoal, seja ele qual for. Relacione-o com a moeda. Como!? Parta do princípio de que tudo tem, no mínimo, dois lados opostos. Veja bem! Para assustar o sonho surgiu o pesadelo; para adocicar o mal, apareceu o bem; para dar trégua à guerra, veio a paz; para combater o estresse, criaram-se as terapias e os remédios... e assim por diante.
Sabe! Em relação ao impossível, há necessidade de se revelar suas possibilidades. Naquilo que se considera impossível, algo existirá. Alguma probabilidade poderá se fazer presente. Vamos supor que você tenha uma chance, entre cinqüenta milhões de pessoas, em ganhar numa aposta qualquer. É mínima, mas um será o ganhador. E você estará entre eles. Nesse caso, se não fores o ganhador, gozarás, pelo menos, do direito de sua probabilidade. Numa partida equilibrada de futebol de campo, por exemplo, se o resultado não foi decidido antecipadamente pelos cartolas, só será definido o ganhador no final da partida. O favoritismo pode estar fora do jogo.
Contudo, voltando ao tal problema... Estes, são como receitas de bolos. Sendo dos outros, aplica-se (fora do contexto em que ele foi criado) um falar imediato e a situação estará resolvida ou... complicada. Passa-se uma receita surrada e espera-se que o bolo saia do forno com a mesma aparência e gosto do quitute da vovó. Em casos como esses, as prescrições costumam não dar certo. O bolo, na maioria das vezes, sairá cru ou queimado. É que receitas, em geral, são sempre alteradas, modificadas.
Um pouquinho de sal a mais ou a menos; uma quantidade maior ou menor de açúcar; o acréscimo de um novo sabor; o tempo de preparo, de ser deixado no forno ou em outro lugar... Portando, há de se tomar cuidados ao se passar receitas. Mas, saiba que os dois lados opostos continuarão presentes em tudo. Seu problema ainda não foi resolvido? O antigo Egito já foi uma exuberante sociedade; a Grécia teve momentos que marcaram história; a antiga Roma já imperou; a Inglaterra foi uma potência hegemônica. Atualmente, a supremacia militar e financeira está nas mãos dos EUA. Até quando? Se tudo muda, há de mudar esta situação também!?
Resumindo... problemas fazem parte da solução. Imagine uma solução matemática sem que exista um problema. Impossível? Talvez! O importante é saber lidar com a situação que se apresenta. Diariamente a moeda continuará a ser jogada para cima, ou a ser girada numa superfície lisa, não importa. Então, para aqueles que se encontram no fundo do poço, segue Nietzsche, “É preciso ter ainda caos dentro de si, para dar a luz a uma estrela dançante”. A moeda em qualquer caso ou acaso, quando parar o giro ou cair, revelará uma das probabilidades que, com exatidão, nunca se saberá antes... Por conseguinte, resta aceitar, conhecer e administrar as regras do jogo.

(CRÔNICA) A LÍNGUA...

CRÔNICA) A LÍNGUA...
Prof. Joceny Possas Cascaes

A Língua Portuguesa produz uma melodia que encanta e aturde, porque pode causar espanto. É fato! Sensibiliza e faz nascer muitos risos e inúmeros prantos. Pois, tantas são as harmonias que – singularmente – brotam de suas diferentes falas. Gráfica língua!!! Um mundo de palavras – mais de 400 mil – à disposição... Então, fala e escreve Brasil! Fala norte; fala nordeste; fala centro oeste; fala sul e fala sudeste... És uma língua mística e - como muitas – és plural. Pois, a linguagem portuguesa – arrisca-se dizer - é vigorosa. Acima - possui brio! Senão, vejamos:
Alumia – vê se acende, porque algo aconteceu casualmente: um acidente. Uma escalada na montanha, que se tornou um incidente. Vai rápido – apressa-te. É preciso apreçar, pois há de se saber o preço do resgate. Deixe de lado tua arma de caça. Temos que cassar – reduzir os efeitos da queda. Há algo iminente, um fato novo que pode acontecer. Aquela porção de terra solta pode provocar uma avalanche. Eminente! Tua ação foi excelente. O socorro emergiu – apareceu. Alguém deve imergir – penetrar na fissura daquela pedra.
Há um extrato, uma essência milagrosa. O acidentado deve cheirá-la. Portanto, localizem um estrato. Isto! Aquela nuvem baixa. Olhos atentos. Oremos! Evitemos a infração – a transgressão dos preceitos religiosos. Nossa! Deixemos de nos parecer – neste ato - com a inflação. Estamos desvalorizados. Há de se pôr fé em toda oração. De antemão, algo está incerto. Existe imprecisão em nossa ação. Façamos um concerto. Contudo - selemos um acordo. Sigamos em frente. Há de se chegar à vítima. É urgente! Ela tem que ser reanimada. Tragam o oxigênio. Antes – pausa... para um conserto. Vamos reparar as nossas ações.
Pois algo se tornou despercebido. Porém, falhas acontecem. Um socorro não pode se tornar desapercebido. Todo auxílio deve ser prevenido. Portanto, precaução! A prevenção descrimina os atos – corriqueiros - falhos. Com isso, inocentamos a mente. Neste, angustiante, socorro tem-se que discriminar – distinguir o certo do errado. Reflitamos: tudo é certo – desde que não esteja errado. Vamos adentrar a mata! Aliás, acerca desde socorro quem é o perito?
- Eu!!!
- Quantos anos você tem de prática?
- Cerca de dez anos.
Puxe o facão para fazer uma clareira. Estamos próximos do local do acidente. Ele caiu de um penhasco de, aproximadamente, cinqüenta metros. Estamos num vale. Há dois montes entre nós. Vale a pena desbastar um pouco a vegetação. Tragam a maca – a vítima está viva. Este resgate tem que surtir - produzir um resultado positivo. Alguém tem que sortir o cantil. Rápido! Pegue água naquele córrego - leve o cantil. Nada de vadiar - este não é um momento para brincadeiras! Psiu! Vocês dois devem vadear aquele riacho para pegar a mochila. Vamos!!! Atravessem a água - peguem a mochila. Agora, temos que ir rápido embora.
Chegamos! Coloquem-no na ambulância. Há indícios de que ele foi vítima do tráfico. Alguns traficantes de drogas (as mais diversas) o empurraram da montanha. Ih! Dezoito horas! Hora do rush... O tráfego está intenso. Ligue a sirene a fim de conseguirmos passagem. Os médicos do hospital já foram avisados; encontram-se em alerta. O acidentado me parece afim - tem semelhanças com alguém que eu conheço. Mas, deixa pra lá, o importante é que ele seja – convenientemente – atendido. Finalmente, alegremos-nos! O resgate foi um sucesso. Ele passa bem...
(...) Prova de que a língua continuará ascendendo e que - cada vez mais - adquirirá relevância - com acentos (tons de vozes, para torná-la ainda mais bonita) sempre diversificados.

domingo, 23 de agosto de 2009

(CRÔNICA) ERA UMA VEZ...

(CRÔNICA) ERA UMA VEZ...
Prof° Joceny Possas Cascaes.

Era uma vez uma moça chamada Branca de Neve (um desejo atendido de uma mãe: uma filha de cabelos negros como o ébano e com pele branquinha como a neve), que foi a uma festa na casa dos Três Porquinhos. Bateu à porta e foi convidada pelo Prático, dono da casa de tijolos, a entrar. Adentrando, além dos outros dois porquinhos, deparou-se com o Lobo Mau e com a Vovozinha. Fazia muito frio lá fora e, para o deleite dos moradores e dos visitantes, a lareira, com um ‘tacho’ com água, encontrava-se viva. Branca de Neve ficou intricada com a presença do Lobo Mau e da Vovozinha. Desconfiada, pensou: o que esse Lobo do mal está fazendo aqui junto com a Vovozinha? Para os três Porquinhos o Lobo Mau não oferecia perigo, já que ele era da história que pertencia ao Chapeuzinho Vermelho.
E, Falando do Chapeuzinho... ela dá três batidas na porta. Dessa vez, Heitor, um dos Porquinhos, é que pergunta quem é, e que ao ter certeza que era o Chapéu (em miniatura) Vermelho, abre a fortificada porta. Chapeuzinho, surpresa, vai logo perguntando: Vovó!!! Você aqui? Com quem vieste? Com o Lobo Mal, responde a Vovó. Mas não se preocupe eu ainda sei me cuidar sozinha. Além disso, este mamífero do mau prometeu se comportar nessa nova história. É preciso acreditar! Entrementes, Cícero, o outro Porquinho, vê passar pela janela à frente da casa uma carruagem em disparada, construída com uma abóbora gigante; e percebe que um sapato de cristal rola em disparada. Mesmo na neve, nota o seu brilho. Gente, gente! Cinderela passou em sua carruagem, não deve ter visto a nossa casa, pois estava em alta velocidade. Vou lá fora buscar o sapato de cristal que ela deixou cair. São dezenove horas. Xiiii! Antes da meia noite ela precisa retornar para casa. Senão sua carruagem vai virar numa diminuta abóbora.
Isso não é problema nosso! Retruca o Lobo Mau. Momento em que o conselhense Prático diz: Lobo, nesta história, resguarde-se do direito de ser nosso convidado. Cinderela é bem-vinda! Nossa festa terminará às vinte e três horas e trinta minutos, assim ela terá tempo hábil para retornar. Ao abrir a porta para ver algum vestígio da Cinderela, Prático depara-se com o príncipe a sua frente. Entre, entre! Você conhece este sapato? Mas é claro, pertence a Cinderela. Tinha certeza de que a encontraria aqui. Calma, príncipe. A carruagem da ‘Cinde’ passou por aqui há dez minutos, em disparada. Já sei o que aconteceu, -ressalta o príncipe - a madrasta e suas duas filhas legítimas quebraram o encanto da fada madrinha. Visitaram a história da ‘Branca’ e pediram para a bruxa uma maçã que, ao ser comida, assim que ‘Cinde’ usasse a carruagem, transformaria a abóbora num ‘carro’ de corrida, desgovernado. Nisso chegam os sete anões.
Sabemos onde estão a Madrasta e suas filhas. Encontrando-as, poderemos quebrar esse feitiço. Como? Pergunta a assustada ‘Branca’. Primeiro é preciso encontrá-las. Depois é só levá-las à presença da ‘Bruxa’ para que o feitiço seja quebrado. Então, deixa eu me entender com elas. Vou junto com os anõezinhos. Essa ‘Bruxa’ pertence a minha história. Elas que me aguardem! Saíram os Sete e a Branca de Neve à procura da ingrata mulher e suas crias e da feiticeira. “Eu vou, eu vou atrás das malvadas, agora eu vou! Eu vou, eu vou...” Cantarolavam os oito. Os Sete, mais a ‘Branca”. O zangado estava muito mais enfurecido. Dengoso, durante a trajetória, recebia dengos da moça de cabelos da cor do ébano. O mestre dava as ordens. Vamos por ali. Silêncio, estamos quase cegando. Ao se aproximarem, Atchim não se agüenta e larga um triplo espirro. ‘Atchim, atchim, atchim’!!! Então, as malvadas saem, de mãos dadas, correndo sem destino.
Acontece que, nesse momento, a carruagem da ‘Cinde’ passa a toda velocidade. Foi um estrondo só. O carro de abóbora vira e as três moças do mal voam longe. Felizmente nada aconteceu com a Cinderela. Enquanto a ‘Branca’ cuidava da ‘Cinde’, os anões levaram a madrasta e as filhas, que pouco se machucaram, até a bruxa. Tudo voltou ao normal. Tudo não! Essa história está me deixando um pouco confuso. Bom! Como dentro de qualquer anormalidade sempre há algo normal, vamos em frente com esse ‘era uma vez... Cinderela, Branca e os anões voltaram para a casa dos Porquinhos. Sonega caiu num profundo sono. Dunga tentava entender tudo pela alegria demasiada do Feliz. Contaram a todos o que acontecera. E a festa prosseguiu... O príncipe colocou o sapato na Cinderela e começaram a dançar. O Lobo Mau, vez ou outra, queria comer a vovozinha e se continha por estar noutra história; Branca de Neve, próxima aos anões, sentia-se protegida.
A água, colocada no recipiente que estava na lareira, fervia. Prático, numa demonstração magistral, tocava piano! O Lobo da história dos Porquinhos se aproxima da casa e aproveita o barulho da festança, sobe ao telhado e começa a descer pela chaminé. Percebendo o tacho d’água fervendo, volta para o telhado. Desce e bate a porta. A animada festa pára. O dono da casa atende. Quem é. Sou eu! Eu, quem? O Lobo. Se não abrires a porta em dez segundos, soprarei. Vou derrubá-la com o meu sopro. Ih! O que vamos fazer? Perguntaram todos. Então, o Lobo Mau, querendo mostrar o seu lado bom, diz: deixem que eu vou lá fora me entender com ele. Somos seres da mesma espécie. Ele vai ter que me escutar. Lobo e Lobo Mau saem abraçados para conversar, num cantinho fora da casa. Imagem rara! Pois é, Lobo, você sabe que eu sou do Mal e nem por isso ataquei alguém na casa. Consegui me conter. Acontece que você é d´outro conto, diz o Lobo da história dos Porquinhos. Eu sou deste! Então vamos entrar, pois essa narrativa também já não te pertence mais. Nenhuma história pode ser contada duas vezes do mesmo jeito.

CIDADANIA: e escola!

CIDADANIA: e escola!
Prof. Joceny Possas Cascaes.

“Cidadania é a capacidade de influenciar
sobre o lugar a que você pertence”.
(Charles Handy)

Conta-se que o conceito original de cidadania tem relação direta com o termo burguês. O povo, em especial o rural, era impedido de ser cidadão. Pois, a palavra cidadão, na Roma antiga, fazia alusão somente aos habitantes da cidade. Mas, o que é ser cidadão? Fala-se tanto que ser cidadão é ser um sujeito em pleno gozo de seus direitos e deveres... Contudo, que direitos e deveres são esses se, há séculos, instaurou-se uma visível desigualdade social? Todo cidadão tem o direito de ter um lugar digno para morar; de receber auxílio médico; de poder se prover de água encanada e tratada; de contar com rede de esgoto; de ser um beneficiário da luz elétrica e ter condições de contribuir financeiramente para isso; de praticar uma religião, sem ser discriminado; de gozar do direito do voto, pleno de liberdade...
Mas, vê-se que o ‘princípio da isonomia; que é a igualdade de todos perante a lei, continua amplamente abalado. Em geral, os mais abastados financeiramente, aqueles que possuem bens, passam a ser legalmente e socialmente os maiores privilegiados. Questão de poder!!! Nesse caso, os privilégios ancoram-se na quantidade de bens que uma pessoa possui. Portanto, há um principio isonômico, com fortes raízes desiguais. Assim, pensa-se que a ‘Escola’ pode contribuir bastante para que o processo de cidadania, em constante evolução, possa fazer parte, num melhor nível, da vida de todas as pessoas. Pois a escola é a casa da educação. Do latim, ‘educare’. Um local reservado (aberto à comunidade) para o cultivo dos espíritos (dos ânimos, dos estímulos...), onde ocorrem discussões, investigações, contestações e trocas de conhecimentos.
À vista disso, abrem-se os portões da ‘escola-cidadã’. Um local de solicitudes e aberto aos conhecimentos, os mais diversos. Porém, um lugar onde se fazem presentes os educadores dispostos a aceitarem críticas (não só construtivas); a receberem sugestões; a estarem preparados para as trocas de idéias; a respeitarem quem quer que seja em sua individualidade... Onde se deve saber, pelo menos um pouco, como é a vida dos alunos, fora dos muros da escola. Dessa forma, o exercício da cidadania vai naturalmente se sucedendo no ambiente escolar. Com isso, os exemplos de cidadania se tornam diários. Vão aos poucos se instaurando na vida de todos os que fazem parte desse ambiente que é, em parte, uma extensão da vida familiar!
Porquanto, nem todas as crianças ou jovens possuem familiares que estejam abertos ao diálogo ou que se façam presentes em seus cotidianos. Ademais, muitos nem possuem família ou, às vezes, por sua desestrutura, é praticamente a mesma coisa que não possuísse. Mas, voltando à escola, sabe-se que, nesse meio, são ensinadas algumas práticas de vida. Vida cidadã: a do direito embasado no ‘pessoal-dever’. Visto que, a amplitude cidadã abarca o respeito a si próprio e ao outro; o saber usar um espaço público; o ter que parar no sinal vermelho; a ‘não-destruição’ do que é público; o entendimento do que é uma lixeira, para que ela serve; o conhecimento, pelo menos em parte, dos diversificados contextos individuais e ‘cultural-sociais’, e assim por diante.
Dessa forma, há uma tendência dessas crianças e jovens se tornarem preparados para o real exercício da cidadania, a fazer diferença no meio circundante. Já que ser cidadão é ter que participar. Senão, corre-se o risco de se continuar a ficar a mercê do burgo, da residência fortificada onde residiam muitos burgueses. A casa fortalecida costumava ser aberta somente a outros ‘par-burgueses’. A manutenção de situações como essas tende a contribuir para que a exclusão continue a se fazer presente no meio que é social; e a exclusão não combina com o conceito de cidadão. Pois, todo cidadão – de fato - de direito e de dever, deve, de alguma forma, participar e, assim, ‘influenciar sobre o lugar a que pertence’. Pensa-se que está na hora de ‘re-modelar’ muitas coisas buscadas no convencional e no tradicional. A escola está fazendo uma parte da parte que pertence a ela. Acredita-se que só é preciso que cada pessoa faça também a sua parte, que pode estar inserida em diversificadas partes. Dessa maneira, certamente, começam a surgir e a crescer o número dos ‘reais’ cidadãos...

"UMBIGO"

“UMBIGO”: olhando para o ‘eu’...
Prof. Joceny Possas Cascaes

A palavra umbico (na Língua Portuguesa – vulgarmente – são usadas as variantes embigo e imbigo) vem da palavra umbilicus de origem latina, que é diminutivo de umbo, com o sentido de saliência arredondada em uma superfície. Escritos filosófico-históricos contam que, na mitologia grega, o centro do mundo localizava-se no templo de Apolo, numa ilha chamada Delfos. Neste templo havia uma escultura de mármore, de forma arredondada, que se chamava omphalós, termo grego que significa umbigo.
Neste local eram realizadas orações sob o efeito de vapores que se acreditavam virem do interior da Terra. Havia um sentido de que a mãe-Terra ligava pelo umbigo os filhos inseguros e numerosos que participavam de tais cerimônias. Dito de outra forma, o umbigo é uma cicatriz deixada pela queda do cordão umbilical que é responsável pela nutrição e sobrevivência do feto e do futuro bebê.
Mas, o que significa a expressão: “cuidar do próprio umbigo”? De certa maneira, tem sentido de pessoalidade, de preservação, de egocentrismo e de individualidade. Pode, também, ter relação de hereditariedade, de educação e de cuidado, em especial, consigo mesmo ou com os parentes, amigos ou pares. Tem, também, um significado de preservar (de proteger) para garantir a evolução da própria família. Pensando de forma ampla, ao analisar a resposta dada a pergunta formulada, pode-se dizer que essas atitudes se encaixam dentro dos padrões da normalidade.
De alguma forma, milênios se passaram e os homens continuam enclausurados em suas próprias cavernas. Casas, apartamentos, locais de trabalhos servem como abrigos – apenas – aos pares. Há – de alguma maneira – um continuísmo do que se fazia no tempo em que o homem morava nas cavernas. Por intermédio da concepção histórico-cultural de aprendizagem, talvez, se consiga entender melhor o que está se querendo dizer com essas colocações. As raízes histórico-culturais são determinantes à manutenção da vida e também pelo continuar, de alguma maneira, dos pensamentos criados ao longo da história.
Isso é de fundamental importância, mas mudar paradigmas e “re-construir” ou criar o novo se faz necessário para que se pense o mundo de maneira melhor e diferente. Porém, é comum as pessoas realizarem ações sociais sob o comando do interesse próprio. Esse interesse pode ser pessoal, profissional, familiar, político... Por exemplo, ajuda-se ao Corpo de Bombeiros, somente, porque ele pode ser útil a mim; à escola enquanto os filhos estudam lá. É regra geral, os pais de portadores de necessidades especiais serem mais ligados à APAE, do que outros pais.
No meio jovem, é normal, quando duas pessoas estranhas brigam corporalmente serem incentivadas pelos que estão ao redor. Um mendigo, um dependente químico, um favelado, um menor abandonado, quando são desconhecidos, deixam de ser notados e é raro alguém se habilitar para tentar contribuir com a inversão de tais realidades. É evidente que pode existir uma atitude de impotência ao se estar diante de tais fatos. Mas, os mesmos devem ser analisados à luz do conhecimento no sentido de que cada ‘ser-transeunte’ se torne um denunciador de tais acontecimentos e jamais esperar que seja tocado o próprio umbigo para se tomar algumas atitudes.
Dando outro exemplo, o pai e a mãe se sensibilizam, tornam-se ‘escudeiros-defensores’ de campanhas antiarmamentos, na maioria das vezes, quando perdem o filho por causa de uma bala perdida ou nas mãos de bandidos. Dizer que tais ações são erradas é incorrer num pensamento insensível e mal-argumentado. Porém, certas coisas devem ser realizadas porque não podem esperar. O melhoramento da vida no planeta é de responsabilidade de todos.
Em relação à mitologia grega, hoje se sabe que o centro do mundo pode estar em todos os lugares, menos no templo de Apolo, como pensavam os antigos. Sobre o ombro de cada cidadão recai a responsabilidade da manutenção da vida e da ‘re-construção’ humana. Cada ser deve cuidar – indiscutivelmente – do seu próprio umbigo. Porém, é de fundamental importância que as pessoas agucem a sensibilidade para perceberem que, ao estarem pensando somente no próprio umbigo, estarão fechando as portas da igualdade e, conseqüentemente, abrindo uma arbitrária janela que continua mostrando, como se fosse natural, que algumas pessoas devem ser melhores do que outras.

FOTOS: Novas Camisas do JESC-Escola "Gertrud"