sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A ARTE DA CONVERSAÇÃO.

A ARTE DA CONVERSAÇÃO.
Professor Joceny Possas Cascaes. Ibirama – SC

Acreditamos que uma opinião seja uma suposição própria. Seu uso está ligado ao repasse de uma ou mais idéia com o objetivo de torná-la pública, propiciando a quem a recebe a aquisição de novos conhecimentos ou a ampliação dos que já possuem, mesmo quando, por vários motivos, a mesma seja aceita ou rejeitada. Porém, só podemos discordar de uma idéia quando o nosso conhecimento nos permite apresentar uma outra que, necessariamente, não precisa ser melhor, mas seja, pelo menos, compatível com a apresentada.
Oposição de idéias é necessário para o desenvolvimento do conhecimento pessoal que conseqüentemente poderá propiciar a “re-construção” de um saber social. Sob a luz da dialética, isto é, através de conversas que respeitam pontos de vista diferentes, Sócrates se tornou admirado por um grande número de pessoas. Isso ocorreu durante o famoso “século de Péricles”, idade de ouro da civilização ateniense. Esse grande filósofo, utilizando-se da arte da conversação, foi influenciado e ao mesmo tempo influenciou o desenvolvimento da cultura grega.
E é sob a ótica da concordância e/ou oposição que expressamos nossas idéias. Somos contrários a certezas absolutas. Elas nos conduzem ao final de uma conversa, isto é, levam-nos a pensar que apenas uma pessoa é detentora da razão, deixando, muitas vezes, a outra ou as demais sem palavras. Mesmo quando dominamos o assunto de que falamos, devemos nos lembrar de que tudo é rodeado de complexidade e diversidade.
O intelectual, crítico e jornalista norte-americano, Henry Louis Mencken (1880-1956) era “avesso a certezas absolutas e a tudo o que possa servir de obstáculo para o uso da razão”. Para atenuarmos a presença desses obstáculos em nossas conversas é necessário que o bom senso e a prudência se façam presentes nesse cenário. Quando mergulhamos num mar de certezas absolutas, muitas vezes sem nos darmos conta disso, costumamos voltar à superfície repletos de novas idéias e de dúvidas que nos farão buscar novas respostas.
De acordo com Rogers (1961, p. 32) “quando posso aceitar uma outra pessoa, o que significa especificamente aceitar os sentimentos, as atitudes e as crenças que a constituem como elementos integrantes reais e vitais, é que eu posso ajudá-la a tornar-se pessoa”. Não é de estranhar que muitos autores modernos tenham sido influenciados por este psiquiatra e pedagogo. Rogers, em outras palavras, diz que a vida, em seu lado melhor, é um processo que passa, que muda e que nada está fixado.
Quando dialogamos, falamos de nós próprios para o outro e o outro faz a mesma coisa. Se deixarmos de entender e respeitar o que o outro tem a nos dizer não podemos, na mesma proporção, esperar que o mesmo entenda e receba alegremente o que temos também a dizer. O verdadeiro diálogo exige que um esteja ao lado do outro e não que um se coloque em posição de superioridade, como é o caso de alguém que "está convencido" de que sabe. O diálogo exige respeito total ao mundo do outro, exige ponderação e aceitação.
Em geral, temos idéias diferentes. Por isso, numa conversa é essencial que se realce a presença dos dois ouvidos, para que possamos prestar bastante atenção no que o outro tem a nos dizer. Não há fórmulas mágicas que determinam como essa relação deve acontecer; há, entre outras coisas, consensos e respeito às pessoas com as quais estamos conversando.
Algures, alguém perguntou: o que fazer para se conversar com aquele tipo de pessoa que pensa que só ela deve falar e que tenta impor certezas absolutas em tudo o que diz? Esta é uma pergunta que leva a várias respostas e a tomada de atitudes diferentes. Somos adeptos de que, sempre que for possível, devemos nos envolver com coisas que proporcionem prazer. Estaremos sendo, então, medíocres se nos envolvermos, concretamente, com tal situação. Pois, de acordo com Oscar Wilde: “Só os medíocres dão o melhor de si o tempo todo.” Ademais, entendemos que, em alguns momentos, é melhor relaxar do que tentar remediar.

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