sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A ESCOLA DOS SONHOS... e a possível.

A ESCOLA DOS SONHOS... e a possível.
Prof. Joceny Possas Cascaes.

Há pessoas, dentre elas alguns educadores, que sonham com uma Escola de Ensino Fundamental e Médio em que há um bom repasse de conhecimento, boas relações e nenhum (ou quase nenhum) conflito em seu meio. Nesse espaço, que se supunha de relações felizes, todos falam a mesma língua e, por conseguinte, se entendem. O professor repassa ou troca o conhecimento e todos aprendem. Posturas são entendidas e adotadas em conjunto de maneira que – imediatamente – os alunos, os professores, os funcionários e a direção se sentem envolvidos e contagiados por elas. As ações, nesse educandário, passam a ter um único foco e, com isso, uma unânime direção é seguida. Magicamente, os objetivos gerais da Escola passam a ser praticados com êxito.
É tão grande o entrosamento que as carteiras deixam de ser riscadas, os banheiros permanecem – sempre – cheirosos e as salas, as dependências e o pátio da ‘Escola Sonhada’ nunca sujam, pois todos que a freqüentam são, extremamente, educados. No final de cada ano, cada aluno que se forma (entenda: que sai da fôrma) aprende a preservar o Patrimônio Escolar. Com isso, os filhos - dos alunos - os netos, os parentes e os amigos, que passam a estudar nessa escola, encontram-na sempre em bom estado de conservação. Aparentemente, já não se justifica mais a contratação de pessoas para realizarem os Serviços Gerais da Escola como, limpezas e manutenções.
Nesse lugar, as cores, finalmente, são entendidas e respeitadas. Os direitos são iguais a todos. As trocas de idéias sobre religiões são discutidas e ninguém diz mais que a sua crença é que é a certa, pois o objetivo é entender o pensamento diferente. Os pobres e os ricos são tratados da mesma maneira e aprendem. As disciplinas são ministradas dentro de um contexto – meramente -“interdisciplinar” e ajudam o aluno a pensar a história, em suas várias formas, diferente. A Escola Sonhada consegue fazer com que todos tirem boas notas, embora se tornem robôs-humanos.
Há uma impressão de que “Pinóquio o boneco de madeira” freqüenta cada carteira desse Estabelecimento de Ensino, como se tivesse se ‘reencarnado’ nos alunos. Como na fábula reconstruída por Rubem Alves: era desejo do ‘Vô Gepêto’ criador desse boneco, que Pinóquio recebesse Educação e com isso se transformasse em gente. Porém, segundo Alves, quantos alunos se formam (... a fôrma novamente) e saem da escola como se fossem bonecos de pau.
Embora sendo apenas imaginação, o que foi contado acima, existem algumas pessoas (que de maneira alguma devem ser consideradas culpadas) que sonham com o dia em que essa Escola se transforme em realidade; com o dia em que os alunos chegarão na Escola, completamente, educados. Sabe-se que a sociedade e a família ajudam a preparar ‘gente’ para a vida, mas...
Questões econômicas, o analfabetismo (em suas várias manifestações) de muitos pais, a falta de oportunidade justa para todos, as crenças, as raças, os “pré-conceitos”, as doenças sociais, a própria personalidade, o meio onde se vive, a inobservância das leis... são alguns fatores que emperram o avançar de muitas crianças, jovens e adultos. Nesse sentido, lidar com estruturas corporais pensantes (os alunos), que estão em constante crescimento e transformação, nunca foi fácil e por um bom tempo continuará sendo difícil.
Num país (embora não dependa só desses fatores) em que há empregos, preocupação com a saúde, com a educação, com a alimentação, com a moradia e com os salários mais justos é mais fácil se conseguir bons resultados educacionais. Porém, além de penoso seria uma catástrofe que uma estrutura escolar fosse da forma em que foi imaginada. Mas, é possível, e isso deixa de ser um sonho, que ela seja contemplada, quando as condições permitem, com uma boa qualidade educacional.
E - com boa qualidade educacional - o ‘Educador’, consciente de seus atos – passa a falar a língua de seus pupilos e reconhecer as nuanças, as diversidades de expressões e entendimentos; algo, que de maneira tênue, já está acontecendo... Aprende, também, que a Escola feliz jamais seria a explicitada (a sonhada), porque sendo robôs os alunos repetiriam ações insensíveis.
Por isso, a Escola, incluindo todos os aparatos desse meio, tem a função de educar e colaborar para que as pessoas que a freqüentam entendam que ‘gente’, que ‘ser-humano’ - na verdadeira concepção dessas palavras – nunca nascerá pronto. Nesse sentido, como uma maneira de impulsionar ainda mais a Educação devem questionar – cotidianamente - para que serve a pessoa do “Professor-mediador”!?

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