sexta-feira, 4 de setembro de 2009

BRASIL: em desenvolvimento?

BRASIL: em desenvolvimento?
Professor: Joceny Possas Cascaes.

Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNDU - 1999) em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil ocupa a décima quarta posição do Continente Americano. Estamos atrás do Chile, Uruguai, Costa Rica, Venezuela, Cuba entre outros. Esses dados indicam também que somos donos da quinta maior Renda per capita do nosso continente, estimada em 5.029 dólares. Mesmo assim, continuamos subdesenvolvidos...
O Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil vem melhorando a cada ano, e nos faz manter a ilusão de que estamos rumando em direção ao desenvolvimento. O avanço da medicina, a divulgação das práticas de higiene social e as campanhas de saúde pública contribuíram para a redução das taxas de mortalidade. Outrossim, através de campanhas de planejamento familiar e a participação da mulher no mercado de trabalho contribuíram para que nos últimos anos houvesse um declínio do número de nascimento de filhos por família.
Sabemos que diminuiu o número de analfabetos e que a expectativa de vida do brasileiro aumentou. O Brasil rural tradicional não é mais o mesmo, o avanço tecnológico, os meios de comunicação, etc., estão contribuindo para a transformação desse cenário rural. Porém, há indícios de que continuaremos, por muitos anos, subdesenvolvidos. Somos detentores de uma razoável renda per capita, que é impedida de ser distribuída eqüitativamente porque é sugada pela dívida externa.
Cada brasileiro que nasce, nasce com uma dívida impagável. Setenta e dois porcento de nossa dívida externa são decorrentes do aumento dos juros cobrados pelo FMI. Se não houver um rompimento dos países subdesenvolvidos com esse sistema econômico suplantado pelos países ricos e enquanto continuarmos a receber migalhas e formos impedidos de sentar – igualitariamente - à mesma mesa, continuaremos sendo vítimas da exploração. Há uma tendência que nos faz pensar que estamos vivendo num país em desenvolvimento e isso é um embuste, é uma farsa. Ou um país é desenvolvido ou ele é subdesenvolvido.
Uma Empresa Multinacional que se instala no Brasil, ou em qualquer país subdesenvolvido, não faz isso por acaso. Ela pensa em lucro e busca mão-de-obra barata. Mesmo contribuindo para que o trabalhador coloque comida em sua mesa, isto acaba fazendo parte de uma forma de exploração social. Ao mesmo tempo, pouco colabora para que tal país se torne desenvolvido.
É possível – então - mudar as relações econômicas entre os povos? Eis uma pergunta difícil de ser respondida. Precisamos que as nossas crianças, jovens e adultos se tornem sujeitos independentes, “re-plenos” de deveres, mas cativos de direitos. Um regime de exploração só pode ser rompido quando se tem consciência dessa exploração e quando se perde o medo de retaliações. Se o Brasil romper com esse regime, só ganhará, pois deixar de pagar a dívida externa colocaria o país numa situação privilegiada. Não é por acaso, que os países ricos e em especial os EUA, vêm mantendo uma “boa” relação (principalmente econômica) com o Brasil.
Uma das maneiras de romper com essa situação de miserabilidade, de servidão é o investimento em educação. Não falamos daqueles que adquirem conhecimentos para – também – fazerem parte desse sistema que já está instalado e que há anos não oferece oportunidade aos mais pobres. Há necessidade de “cabeças” que pensem diferente, que ousem para criarem condições de mudanças das regras econômicas entre os povos.
Somos cidadãos responsáveis pela “re-construção” desse novo mundo. Mesmo que o IDH do Brasil continue melhorando só poderemos nos tornar – verdadeiramente – desenvolvidos a partir do momento em que a educação escolar, familiar e social contribuir com essas mudanças. Um povo integralmente desenvolvido deixará de aceitar migalhas e jamais receberá dinheiro para permitir que a opressão prossiga e seu país continue no rol dos subdesenvolvidos. Um povo culturalmente desenvolvido saberá romper com essa atual e caótica relação econômica em que vivem os países subdesenvolvidos. Desta maneira, os brasileiros terão domínio – de fato - de suas atitudes e se tornarão donos – enfim - de suas próprias terras.

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