domingo, 23 de agosto de 2009

(CRÔNICA) ERA UMA VEZ...

(CRÔNICA) ERA UMA VEZ...
Prof° Joceny Possas Cascaes.

Era uma vez uma moça chamada Branca de Neve (um desejo atendido de uma mãe: uma filha de cabelos negros como o ébano e com pele branquinha como a neve), que foi a uma festa na casa dos Três Porquinhos. Bateu à porta e foi convidada pelo Prático, dono da casa de tijolos, a entrar. Adentrando, além dos outros dois porquinhos, deparou-se com o Lobo Mau e com a Vovozinha. Fazia muito frio lá fora e, para o deleite dos moradores e dos visitantes, a lareira, com um ‘tacho’ com água, encontrava-se viva. Branca de Neve ficou intricada com a presença do Lobo Mau e da Vovozinha. Desconfiada, pensou: o que esse Lobo do mal está fazendo aqui junto com a Vovozinha? Para os três Porquinhos o Lobo Mau não oferecia perigo, já que ele era da história que pertencia ao Chapeuzinho Vermelho.
E, Falando do Chapeuzinho... ela dá três batidas na porta. Dessa vez, Heitor, um dos Porquinhos, é que pergunta quem é, e que ao ter certeza que era o Chapéu (em miniatura) Vermelho, abre a fortificada porta. Chapeuzinho, surpresa, vai logo perguntando: Vovó!!! Você aqui? Com quem vieste? Com o Lobo Mal, responde a Vovó. Mas não se preocupe eu ainda sei me cuidar sozinha. Além disso, este mamífero do mau prometeu se comportar nessa nova história. É preciso acreditar! Entrementes, Cícero, o outro Porquinho, vê passar pela janela à frente da casa uma carruagem em disparada, construída com uma abóbora gigante; e percebe que um sapato de cristal rola em disparada. Mesmo na neve, nota o seu brilho. Gente, gente! Cinderela passou em sua carruagem, não deve ter visto a nossa casa, pois estava em alta velocidade. Vou lá fora buscar o sapato de cristal que ela deixou cair. São dezenove horas. Xiiii! Antes da meia noite ela precisa retornar para casa. Senão sua carruagem vai virar numa diminuta abóbora.
Isso não é problema nosso! Retruca o Lobo Mau. Momento em que o conselhense Prático diz: Lobo, nesta história, resguarde-se do direito de ser nosso convidado. Cinderela é bem-vinda! Nossa festa terminará às vinte e três horas e trinta minutos, assim ela terá tempo hábil para retornar. Ao abrir a porta para ver algum vestígio da Cinderela, Prático depara-se com o príncipe a sua frente. Entre, entre! Você conhece este sapato? Mas é claro, pertence a Cinderela. Tinha certeza de que a encontraria aqui. Calma, príncipe. A carruagem da ‘Cinde’ passou por aqui há dez minutos, em disparada. Já sei o que aconteceu, -ressalta o príncipe - a madrasta e suas duas filhas legítimas quebraram o encanto da fada madrinha. Visitaram a história da ‘Branca’ e pediram para a bruxa uma maçã que, ao ser comida, assim que ‘Cinde’ usasse a carruagem, transformaria a abóbora num ‘carro’ de corrida, desgovernado. Nisso chegam os sete anões.
Sabemos onde estão a Madrasta e suas filhas. Encontrando-as, poderemos quebrar esse feitiço. Como? Pergunta a assustada ‘Branca’. Primeiro é preciso encontrá-las. Depois é só levá-las à presença da ‘Bruxa’ para que o feitiço seja quebrado. Então, deixa eu me entender com elas. Vou junto com os anõezinhos. Essa ‘Bruxa’ pertence a minha história. Elas que me aguardem! Saíram os Sete e a Branca de Neve à procura da ingrata mulher e suas crias e da feiticeira. “Eu vou, eu vou atrás das malvadas, agora eu vou! Eu vou, eu vou...” Cantarolavam os oito. Os Sete, mais a ‘Branca”. O zangado estava muito mais enfurecido. Dengoso, durante a trajetória, recebia dengos da moça de cabelos da cor do ébano. O mestre dava as ordens. Vamos por ali. Silêncio, estamos quase cegando. Ao se aproximarem, Atchim não se agüenta e larga um triplo espirro. ‘Atchim, atchim, atchim’!!! Então, as malvadas saem, de mãos dadas, correndo sem destino.
Acontece que, nesse momento, a carruagem da ‘Cinde’ passa a toda velocidade. Foi um estrondo só. O carro de abóbora vira e as três moças do mal voam longe. Felizmente nada aconteceu com a Cinderela. Enquanto a ‘Branca’ cuidava da ‘Cinde’, os anões levaram a madrasta e as filhas, que pouco se machucaram, até a bruxa. Tudo voltou ao normal. Tudo não! Essa história está me deixando um pouco confuso. Bom! Como dentro de qualquer anormalidade sempre há algo normal, vamos em frente com esse ‘era uma vez... Cinderela, Branca e os anões voltaram para a casa dos Porquinhos. Sonega caiu num profundo sono. Dunga tentava entender tudo pela alegria demasiada do Feliz. Contaram a todos o que acontecera. E a festa prosseguiu... O príncipe colocou o sapato na Cinderela e começaram a dançar. O Lobo Mau, vez ou outra, queria comer a vovozinha e se continha por estar noutra história; Branca de Neve, próxima aos anões, sentia-se protegida.
A água, colocada no recipiente que estava na lareira, fervia. Prático, numa demonstração magistral, tocava piano! O Lobo da história dos Porquinhos se aproxima da casa e aproveita o barulho da festança, sobe ao telhado e começa a descer pela chaminé. Percebendo o tacho d’água fervendo, volta para o telhado. Desce e bate a porta. A animada festa pára. O dono da casa atende. Quem é. Sou eu! Eu, quem? O Lobo. Se não abrires a porta em dez segundos, soprarei. Vou derrubá-la com o meu sopro. Ih! O que vamos fazer? Perguntaram todos. Então, o Lobo Mau, querendo mostrar o seu lado bom, diz: deixem que eu vou lá fora me entender com ele. Somos seres da mesma espécie. Ele vai ter que me escutar. Lobo e Lobo Mau saem abraçados para conversar, num cantinho fora da casa. Imagem rara! Pois é, Lobo, você sabe que eu sou do Mal e nem por isso ataquei alguém na casa. Consegui me conter. Acontece que você é d´outro conto, diz o Lobo da história dos Porquinhos. Eu sou deste! Então vamos entrar, pois essa narrativa também já não te pertence mais. Nenhuma história pode ser contada duas vezes do mesmo jeito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário