sexta-feira, 28 de agosto de 2009

(CRONICA) ESCREVER!!!

(CRÔNICA) ESCREVER!!!
Prof. Joceny Possas Cascaes

Escrever a quem? E, falar sobre o quê? Eis uma questão ou uma solução. Ensejo registrar, meramente, a escrita da pergunta ou da resposta. Contudo, diante de parvas palavras, o que fazer? Minha chaga-paixão (por tudo) me impede de registrar o que penso. Então, resta-me buscar algumas notívagas palavras. É dia claro. Encontro-me no escuro de minhas próprias letras: embaralhadas, ultrapassadas, fúteis (no sentido de levianas), frívolas e...
Escrever é um dom. Mas, se tudo se aprende, quem sabe, esqueci-me dessa aptidão. Enterrei os meus argumentos. Pior! Esqueci o lugar. Debalde, busco encontrar a arte. Porque a escrita é uma expressão-correspondência. Necessita de certa habilidade para conduzir as palavras, para ordená-las no papel. Sopa de letrinhas!!! É quase impossível organizar as letras para poder digeri-las e para mostrá-las a alguém. Então, permanece a indigestão. Congestão casual do uso das letras-palavras.
Esvai-se minha oportunidade. Meu momento passa. Surgem outros, mas continuo sem êxito. Ando perdido dentro de mim e lá no fundo do coração e/ou d’alma desaparecidas estão as afirmações e as declarações que penso em anotar. Busco registrar para o eterno, o lugar que desconheço. As nuances da escrita me confundem. Nirvana! Completa quietude. Ablução... necessito de um banho de purificação. Há de surgir um ritual, uma liturgia da palavra escrita. Quero me banhar.
Admiro-te e respeito-te letra. Minha atual essência se encontra na entrelinha que nesse instante está apagada. Por isso, como prosseguir!? Como e o que escrever? A palavra é um símbolo. Um signo que serve para designar coisas do mundo físico e psíquico. Amputado está o meu espírito-criador. Lembro-me pouco do espaço físico e de minha psique. Minha mente – deveras - mente. Verdades são para amadores. Elas existem apenas no imaginário de quem pensa que a mentira está fora dessa tessitura.
Reflita-se: na durabilidade da verdade se deita, preguiçosa, a mentira. O que hoje acreditamos, amanhã poderá nos derrubar, alquebrar-nos. Escrever é sempre perigoso. Aquilo que é dito permanece no papel. Dizer falando é mais fácil. O que é expresso oralmente entra, mas logo parte. Se não foi gravado se torna difícil reprisar. Interpretações são inúmeras. Ninguém vê a mesma casa do mesmo jeito; o mesmo carro da mesma forma... Escritas sofrem ações pessoais. Vários serão os comentários.
Antanho! Outrora sempre foi assim. Interpretações deixam de ser atuais, fazem parte da ordem pessoal. Eu, tu, ele, nós vós e eles. Pessoalíssimo. Podem explicar (coisa qualquer), mas o meu jeito-interpretação se fará presente. Minhas emoções, minhas razões, minha educação, minhas histórias da vida é que contarão... Estas é que lerão o texto. Leituras desbotadas e inférteis podem ser coloridas e fecundas a outros. Todo texto é um pretexto.
Contudo, desculpas são cabíveis e aceitáveis. Querem ressuscitar o verdadeiro. Faltam-me motivos para impedi-lo de escavar, de permitir que saia de seu sono eterno e de vir à baila. Taciturno, prossigo. Não sigo lendas e tento me abster dos mitos. Mas, e as palavras!? Creio que continuam distas. Como evitar os mitos se, de certa forma, existem? Se nos são repassados, através de gerações, como sendo princípios certos? Alerta! A palavra poderá explicar, mas somente àqueles que acreditam no poder do pessoal-conhecimento.
É impossível digerir com prazer o desconhecido. Palavras acres são entediantes. O aprender a ler faz parte da obra. Obra da escrita que se tornará leitura. Ato transecular que exige transcendência. Mas, como ler o incompreensível? Nos contornos da própria linha-limítrofe. Aquela que estará sempre no limite do compreensível e enigmático. Compreensível para quem sabe que é impossível tornar suas (na íntegra) as palavras de alguém e enigmático aos que pensam que saber ler é entender o superficial daquele que escreve. Entrementes, encontrei algumas palavras!!! Onde? No interior de meu próprio esquecimento...

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