domingo, 23 de agosto de 2009

CIDADANIA: e escola!

CIDADANIA: e escola!
Prof. Joceny Possas Cascaes.

“Cidadania é a capacidade de influenciar
sobre o lugar a que você pertence”.
(Charles Handy)

Conta-se que o conceito original de cidadania tem relação direta com o termo burguês. O povo, em especial o rural, era impedido de ser cidadão. Pois, a palavra cidadão, na Roma antiga, fazia alusão somente aos habitantes da cidade. Mas, o que é ser cidadão? Fala-se tanto que ser cidadão é ser um sujeito em pleno gozo de seus direitos e deveres... Contudo, que direitos e deveres são esses se, há séculos, instaurou-se uma visível desigualdade social? Todo cidadão tem o direito de ter um lugar digno para morar; de receber auxílio médico; de poder se prover de água encanada e tratada; de contar com rede de esgoto; de ser um beneficiário da luz elétrica e ter condições de contribuir financeiramente para isso; de praticar uma religião, sem ser discriminado; de gozar do direito do voto, pleno de liberdade...
Mas, vê-se que o ‘princípio da isonomia; que é a igualdade de todos perante a lei, continua amplamente abalado. Em geral, os mais abastados financeiramente, aqueles que possuem bens, passam a ser legalmente e socialmente os maiores privilegiados. Questão de poder!!! Nesse caso, os privilégios ancoram-se na quantidade de bens que uma pessoa possui. Portanto, há um principio isonômico, com fortes raízes desiguais. Assim, pensa-se que a ‘Escola’ pode contribuir bastante para que o processo de cidadania, em constante evolução, possa fazer parte, num melhor nível, da vida de todas as pessoas. Pois a escola é a casa da educação. Do latim, ‘educare’. Um local reservado (aberto à comunidade) para o cultivo dos espíritos (dos ânimos, dos estímulos...), onde ocorrem discussões, investigações, contestações e trocas de conhecimentos.
À vista disso, abrem-se os portões da ‘escola-cidadã’. Um local de solicitudes e aberto aos conhecimentos, os mais diversos. Porém, um lugar onde se fazem presentes os educadores dispostos a aceitarem críticas (não só construtivas); a receberem sugestões; a estarem preparados para as trocas de idéias; a respeitarem quem quer que seja em sua individualidade... Onde se deve saber, pelo menos um pouco, como é a vida dos alunos, fora dos muros da escola. Dessa forma, o exercício da cidadania vai naturalmente se sucedendo no ambiente escolar. Com isso, os exemplos de cidadania se tornam diários. Vão aos poucos se instaurando na vida de todos os que fazem parte desse ambiente que é, em parte, uma extensão da vida familiar!
Porquanto, nem todas as crianças ou jovens possuem familiares que estejam abertos ao diálogo ou que se façam presentes em seus cotidianos. Ademais, muitos nem possuem família ou, às vezes, por sua desestrutura, é praticamente a mesma coisa que não possuísse. Mas, voltando à escola, sabe-se que, nesse meio, são ensinadas algumas práticas de vida. Vida cidadã: a do direito embasado no ‘pessoal-dever’. Visto que, a amplitude cidadã abarca o respeito a si próprio e ao outro; o saber usar um espaço público; o ter que parar no sinal vermelho; a ‘não-destruição’ do que é público; o entendimento do que é uma lixeira, para que ela serve; o conhecimento, pelo menos em parte, dos diversificados contextos individuais e ‘cultural-sociais’, e assim por diante.
Dessa forma, há uma tendência dessas crianças e jovens se tornarem preparados para o real exercício da cidadania, a fazer diferença no meio circundante. Já que ser cidadão é ter que participar. Senão, corre-se o risco de se continuar a ficar a mercê do burgo, da residência fortificada onde residiam muitos burgueses. A casa fortalecida costumava ser aberta somente a outros ‘par-burgueses’. A manutenção de situações como essas tende a contribuir para que a exclusão continue a se fazer presente no meio que é social; e a exclusão não combina com o conceito de cidadão. Pois, todo cidadão – de fato - de direito e de dever, deve, de alguma forma, participar e, assim, ‘influenciar sobre o lugar a que pertence’. Pensa-se que está na hora de ‘re-modelar’ muitas coisas buscadas no convencional e no tradicional. A escola está fazendo uma parte da parte que pertence a ela. Acredita-se que só é preciso que cada pessoa faça também a sua parte, que pode estar inserida em diversificadas partes. Dessa maneira, certamente, começam a surgir e a crescer o número dos ‘reais’ cidadãos...

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