quinta-feira, 20 de agosto de 2009

(CRÔNICA) UMA COISA: e coisas várias...

(CRÔNICA) UMA COISA: e coisas várias...
Prof. Joceny Possas Cascaes

O bom da coisa é que ela faz parte do nosso dia-a-dia. Ela serve para identificar o esquecido. – Traga aquela coisa! – A coisinha! – Aquela coisa pequena a sua frente! – Não traga uma coisa muito grande! – Como é mesmo o nome daquela coisa?! – Essas coisas que as pessoas fazem...! E assim por diante. Tudo tem nome de coisa. Mas, quem sabe o que é uma coisa – já tem meio caminho andando.
Um dos problemas é que o propagador dialogal da palavra coisa quase sempre sabe do que está se referindo, mas quando fala sobre o seu objeto referencial, valendo-se da palavra coisa, nem sempre “re-passa” o que está pensando. Por quê? A palavra coisa serve para identificar tudo que existe ou pode existir. É, em geral, usada quando se esquece o nome real de algum objeto ou de alguma coisa (nesse caso pode ser qualquer coisa).
Portanto, há coisas no acaso; outras, no ocaso. Há inúmeras coisas no dia e tantas nos sonhos. Pensando bem, se os sonhos, muitas vezes, são esquecidos e coisas são ditas por causa do esquecimento, quem sabe, os sonhos sejam todos repletos de coisas. Os sonhos são devaneios cheios de encanto. Também são utopias e compensações do dia. Não importa – sabe lá – se não são apenas coisas.
O sonho pode ser também um doce fofo com recheio. Mas de que coisa está se falando? Fala-se de sonhos e de fantasias (coisas imaginadas no dormir) e em seguida de doce... Será porque todo o sonho é doce ou será porque o doce faz parte do sonho? Que coisa maluca é essa? Mas, que coisa! Olha a coisa novamente sempre presente. O importante e significativo é saber de que coisa está se falando.
Por que a coisa do sonho pode virar pesadelo. Mesmo virando pesadelo, a coisa estará lá: para assustar, para fazer o coração disparar, para provocar ansiedade, para inúmeras coisas. A coisa do pesadelo é comprometer o sonho. Fazê-lo sentir-se mal, comprometer sua consciência. Que coisa, não!? Essa coisa rouba um sonho para fazer a coisa se sentir mal e se transformar num pesadelo...
Será que é isso mesmo? Mas, a coisa continua presente, no presente, no passado, no futuro, no agora. Ela se encontra nas coisas pequenas e nas grandes. O que é uma coisa pequena e uma grande? Será isso que se pensa? Ou não se pensa? Se você pensa em algo grande ou pequeno, pense em coisas boas, agradáveis. Pense em coisas, mas em coisas que podem ser coisas – tipo uma coisa que leve, que impulsione, que transporte aos desejos graciosos e repentinos. Desejos estes... realizáveis.
Voltando à coisa, lembre-se de uma coisa: a coisa é possível, ela existe. Ela pode ser concreta ou abstrata, ter várias cores, muitos amores, pode ter coisa falando de coisa. Por exemplo, pegue aquela coisinha que está perto daquela coisa verde... Não importa, ela está para o senso comum da mesma forma que está para a linguagem coloquial. Mas, pense bem, ela pode estar na linguagem culta. Para Freud, uma só coisa é comparável ao orgasmo, e é o prazer de estar pensando.
Que coisa esquisita. A coisa, nesse caso, está no orgasmo ou está no pensamento? Talvez, em ambos!? A coisa está no Freud ou naquilo que ele quer dizer? Quando se tem orgasmo não se pensa ou sempre se pensa em orgasmo? Quem sabe, quando se pensa se tem sempre orgasmo!? Será isso bom? Existe algum momento que se pára de pensar? Então, os segundos e os minutos possuem constantes orgasmos? Que coisa... que confusão!!! Não está fácil de entender a coisa do Freud.
Porém, Freud deixou coisas-idéias interessantes. Falou de coisas que outros já haviam falado. Mas, de uma certa forma as comprovou. Escreveu sobre elas. E isso enriqueceu o conteúdo de muitas coisas. Menos da coisa por si só, que continua sem explicação. E, quem sabe, continuará. Pode-se viver sem coisas ou coisas servem para se viver!? De que coisa se está falando? Se quer falar de alguma coisa? Essas coisas que são ditas e não-ditas - palavras soltas no ar... Mentiras e verdades recheadas de coisas que se conhecem e que não se sabe, talvez, escondidas em alguma coisa. Você sabe que coisa é essa?

Nenhum comentário:

Postar um comentário